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| Biografia de Friedrich Engels(1820 - 1895) D. Valovoi; G. Lapchiná | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Do original russo:
Tradução do original russo: Néliton Azevedo
Em Agosto de 1844, no seu retorno da Inglaterra à Alemanha, Engels visitou brevemente Paris para conhecer melhor K. Marx. Ambos tinham ouvido falar muito um do outro e até se viam de passagem na redação da Gazeta Renana, mas não chegaram a travar contato pessoal mais íntimo. E agora, em Paris, na rua Vannau, no modesto apartamento do Doutor Karl Marx tinham longas conversas até altas horas da noite. Ambos logo perceberam que compartilhavam as mesmas idéias quanto à causa comum a qual se dedicaram inteiramente. Tinham também algo em comum quanto ao espírito e aos interesses. Ambos sentiram aquela indescritível simpatia mútua que se transforma, com o passar do tempo, em amizade. Os dez dias em Paris passaram como um relâmpago. Ao se despedirem, não sabiam ainda que este breve encontro duraria quarenta anos.
V. I. Lênin escreveu: "As lendas da Antigüidade contam exemplos comoventes de amizade. O proletariado [...] pode dizer que a sua ciência foi criada por dois sábios, dois lutadores, cuja amizade ultrapassa tudo o que de mais comovente oferecem as lendas dos antigos."
Friedrich Engels nasceu em 28 de Novembro de 1820 em Barmen (província renana da Prússia) na família de um industrial. Em 1834, entrou para o Colégio de Elberfeld. Mas seu pai decidiu que o filho mais velho devia entrar para o mundo dos negócios, portanto, Engels teve de abandonar o Colégio, um ano antes do final do curso e seguir a profissão de comerciante. Porém, nas horas vagas, continua sua formação autodidata, com afinco, estuda obras filosóficas, históricas e econômicas com profundidade e revela grandes capacidades no aprendizado de línguas estrangeiras.
Engels observa com espírito crítico o mundo que o cerca. Vendo a pobreza extrema dos operários têxteis ficou comovido e indignado profundamente e, como não podia esconder seus sentimentos, enfrentou dificuldades no relacionamento com o pai. Em 1839, escreveu as Cartas de Wuppertal nas quais apontou a desumanidade das classes proprietárias: "Entre as classes inferiores domina uma penúria incrível, sobretudo entre os operários manufatureiros... Mas a consciência dos industriais ricos é elástica...". O sentimento de justiça, característico do jovem Engels, empurrou-o para o lado dos trabalhadores humildes, em cujas mãos são criadas todas as riquezas do mundo. E quanto maior era a sua simpatia para com eles, tanto mais crescia seu ódio em relação aos opressores, a burguesia e os senhores feudais.
Após prestar o serviço militar, Engels deslocou-se, em Novembro de 1842, por exigência do pai, para a Inglaterra, para Manchester, a fim de trabalhar no Escritório da indústria de papel Ermen & Engels.
Na Inglaterra, Engels presenciou os resultados do desenvolvimento capitalista: luxo e ostentação, lucros cada vez maiores, de um lado, e exploração cada vez mais intensa, de outro lado. Os contrastes sociais de Manchester perturbavam Engels. Mas, ao mesmo tempo, a estadia na Inglaterra possibilitou-lhe fazer outra descoberta: o proletariado não é só uma classe que sofre, mas também uma classe que luta, combate. Engels acompanha com atenção o desenrolar do Movimento Cartista e entra em contato com muitos dos seus líderes. Os primeiros artigos que escreveu na Inglaterra, publicados na Gazeta Renana, marcam o processo de formação de suas convicções socialistas.
Com 24 anos, Engels escreveu o livro A Situação da Classe Operária na Inglaterra. Este trabalho é uma das melhores obras da literatura socialista mundial. V. I. Lênin escreveu a este respeito: "Engels foi o primeiro a declarar que o proletariado não é só uma classe que sofre, mas que a miserável situação econômica em que se encontra empurra-o irresistivelmente para a frente e obriga-o a lutar pela sua emancipação definitiva. E o proletariado em luta ajudar-se-à a si mesmo. O movimento político da classe operária levará, inevitavelmente, os operários à consciência de que não há para eles outra saída, senão o socialismo. Por seu lado, o socialismo só será uma força quando se tornar o objetivo da luta política da classe operária". Com esta obra, Engels lançou a base da concepção científica da Economia Política e aproximou-se da concepção materialista da história.
Depois do encontro e conhecimento pessoal com Marx, Engels regressou à Alemanha, onde participou ativamente na organização de comícios de esclarecimentos e debates, na criação dos órgãos de imprensa socialistas e nas ações de massas contra a política feudal do governo. É claro que sua atividade não podia passar despercebida da polícia prussiana. Na primavera de 1845, mudou-se para Bruxelas e, juntamente com Marx, dedicou-se à elaboração da teoria revolucionária.
No início de 1847, Marx e Engels aderiram à Liga dos Justos. Era uma organização que reunia um grupo de operários, principalmente emigrados de Londres. O programa da Liga, embora com uma palavra de ordem muito atrativa à primeira vista: "Todos os homens são irmãos", tinha um caráter expressamente utópico e, assim, não podia satisfazer de modo algum nem Marx nem Engels. Após a sua adesão à Liga, esta foi transformada na Liga dos Comunistas. Em Junho de 1847, em Londres, reuniu-se o congresso que constituiu a nova organização. Engels participou nos trabalhos do congresso como delegado dos comunistas parisienses. O Congresso preparou novos estatutos e adotou o novo nome. A velha palavra de ordem foi substituída por uma palavra de ordem revolucionária, com conteúdo classista: "Proletários de todos os Países, uni-vos!".
Em Outubro de 1847, Engels foi novamente a Paris para participar dos preparativos para o segundo congresso da Liga dos Comunistas. Ali escreveu o Projeto de Programa da Liga, conhecido como Princípios do Comunismo. Este trabalho serviu de base ao Manifesto do Partido Comunista.
Em 25 de Fevereiro de 1848, os operários parisienses derrubaram a monarquia de Louis-Philippe e proclamaram a Segunda República. O proletariado francês pôs-se de novo à frente do movimento europeu. O governo republicano da França enviou a Marx um convite de honra para regressar a Paris, sendo aceito por ele. Em 20 de Março, Engels também partiu de Bruxelas dirigindo-se à Paris. Em Abril do mesmo ano, Engels e Marx, com um grupo de partidários voltaram à pátria para se integrarem ativamente no movimento revolucionário. Em Colônia, criaram a Nova Gazeta Renana, o porta-voz da democracia revolucionária. Nas páginas do jornal estimulavam o povo alemão à luta decisiva contra o regime feudal e o absolutismo, e desmascaravam a traição burguesa, a covardia e inconseqüência dos democratas pequeno-burgueses. Através do jornal, Engels e Marx orientavam a atividade das organizações democráticas e dirigiam a luta das massas populares. Engels publicou vários artigos sobre a insurreição de Junho de 1848 em Paris. Com grande talento e profundo conhecimento do tema, abordou a guerra de libertação na Itália e na Hungria contra a monarquia austríaca. No final de Setembro, por ordem das autoridades, a edição da Nova Gazeta Renana ficou suspensa provisoriamente, e Engels, frente à ameaça de prisão, teve de mudar-se da Alemanha para a Suíça.
Em Maio de 1849, na província renana e no sul da Alemanha inicia-se a luta armada revolucionária. Engels aderiu aos voluntários comandados por A. Willich, membro da Liga dos Comunistas, passando toda a campanha militar em Pfalz e Baden. Cumpria as tarefas mais difíceis e nos dias de combate sempre era visto na linha de frente. Só quando a revolução sofreu uma derrota definitiva, Engels, com o restante do exército revolucionário derrotado, deixou a Alemanha. Mudou-se para Londres, onde morava Marx e, junto com ele, participou na reorganização e consolidação da Liga dos Comunistas, prosseguindo simultaneamente na sua atividade científica.
Em Novembro de 1850, por exigência do pai, Engels transferiu-se de Londres para Manchester e voltou a trabalhar no escritório da firma Ermen & Engels. Por mais que detestasse seu novo emprego, por mais que sonhasse, nas horas vagas, em continuar nas pesquisas científicas, o forte desejo de apoiar Marx e sua família fez com que Engels aceitasse a proposta do pai. Estava sempre disposto a ajudar o amigo a concluir seu livro O Capital.
A amizade entre Marx e Engels não diminuiu com o passar do tempo. Pelo contrário, cada encontro entre eles permitia descobrir novos talentos recíprocos e proporcionar-lhes novos impulsos de criação. Marx mantinha Engels informado das conclusões obtidas durante as investigações científicas e tomava opiniões. Por sua vez, Engels, antes de responder às questões que lhe eram propostas, estudava-as em profundidade.
Durante a colaboração com Marx, e mesmo depois da morte deste, Engels escreveu várias obras importantíssimas, Anti-Dühring; A Dialética da Natureza; A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado e muitas outras.
A obra científica Anti-Dühring é uma das obras mais profundas do marxismo. É um resumo condensado dos resultados e conclusões teóricos e dos princípios do marxismo. O livro coloca as características do socialismo enquanto novo regime social sem contradições antagônicas de classe e exploração do homem pelo homem. Expõe de modo acessível e franco os postulados fundamentais da filosofia marxista e as bases da economia. O autor do Anti-Dühring aponta as características das relações de produção, mostra o seu caráter histórico e a necessidade objetiva da substituição das relações capitalistas.
Nas suas obras, Engels presta muita atenção às questões da organização da produção. Em particular, acentua a importância da ligação da organização consciente da produção social à distribuição planificada. "O desenvolvimento histórico torna tal organização cada vez mais necessária e cada vez mais viável. Com ela começa uma nova era histórica em que os próprios homens e todos os campos da sua atividade, em especial as ciências naturais, farão tal sucesso que ofuscarão tudo o que foi feito até hoje".
A Dialética da Natureza, na qual Engels trabalhou mais de 10 anos, está diretamente ligada ao Anti-Dühring. Nela o autor generalizou, sob a ótica filosófica, as descobertas mais importantes até então alcançadas no domínio das ciências naturais. O livro contém uma crítica fundamentada do materialismo mecanicista, das teorias idealistas dos cientistas burgueses e do seu método metafísico.
Baseando-se em dados científicos, Engels apresenta o panorama do desenvolvimento dialético da natureza desde as formas mais simples, inferiores, então conhecidas do movimento da matéria, até ao aparecimento do homem e o desenvolvimento da sociedade. O pensador materialista põe a questão da necessidade de examinar as transformações recíprocas de diversas formas de movimento da matéria umas nas outras, impondo-se assim a tarefa de eliminar a distância entre algumas ciências naturais. Nesta obra, Engels aponta algumas descobertas futuras no campo da física e da química, da biologia e da psicologia.
Nos últimos 12 anos da vida de Engels, Marx já não estava com ele. Mas neste período Engels enriqueceu o marxismo com novas investigações e conclusões, cumprindo simultaneamente, com toda a energia de um verdadeiro líder revolucionário, a tarefa de orientação dos partidos social-democratas da Europa e da América.
Muitos representantes do proletariado combatente e da intelectualidade progressista pediam-lhe conselhos e apoio e ele compartilhava generosamente a sua rica experiência e enormes conhecimentos.
Engels fez, de verdade, uma proeza digna de um cientista para preparar o segundo e terceiro tomos de O Capital. Quando Marx morreu, os inimigos do marxismo começaram a divulgar rumores de que Marx não havia prosseguido com o livro, parando no primeiro tomo, e que as notícias sobre o segundo tomo, em preparação, não eram mais que uma "arrogância de Marx" com o propósito de fugir da polêmica com os críticos das suas teorias do valor e da mais-valia apresentadas no primeiro tomo.
Após a morte de Marx, foi encontrado um rolo com manuscritos do segundo e terceiro tomos d'O Capital. Porém, ninguém sabia se estes já estavam preparados para a imprensa. Mesmo Engels não sabia. Que seria feito do trabalho inacabado de Marx sobre O Capital? Este problema preocupava muitos socialistas que olhavam com esperança e apreensão para Engels. Era necessário um trabalho gigantesco: ler os manuscritos do autor escritos com uma grafia bastante ilegível, decifrar numerosas notas e abreviaturas. Era Engels o único que podia fazer esse trabalho.
No início, Engels apostava que poderia preparar o segundo tomo para impressão em relativamente pouco tempo, mas em Outubro de 1883 foi impedido pela doença que o fez perder mais de meio ano. Pensou então que, com ele próprio podia acontecer qualquer coisa inesperada, no entanto era necessário efetuar rapidamente todo o trabalho de preparação do manuscrito, isto é, ditar o texto a um secretário. Foi um trabalho enorme, que levou bastante tempo. As recaídas da doença impediram Engels de muitas vezes trabalhar sentado na escrivaninha, ele, então, continuava das 10 horas da manhã até as 5 da tarde, a ditar, recostado no sofá, tendo, ainda, que revisar à noite o que havia ditado. O segundo tomo d'O Capital, com a redação de Engels, foi publicado em Julho de 1885.
As dificuldades dos preparativos do terceiro tomo ultrapassaram todas as esperanças de Engels. Esse trabalho durou cerca de dez anos. Quando Engels trabalhava no terceiro tomo, o princípio fundamental no qual se baseava era transmitir os resultados das investigações na linguagem típica de Marx. A intervenção de Engels no texto original limitou-se ao mais necessário. Acompanhou esse tomo de uma introdução desenvolvida na qual esclarece o estado original dos manuscritos e o trabalho que ele teve. Mais ainda, desmascarou os falsificadores da concepção materialista da história e da doutrina econômica de Marx.
O trabalho sobre o segundo e o terceiro tomos d'O Capital de Marx é o tôpo da criação de Engels, uma proeza em nome da amizade, da ciência, dos interesses do proletariado de todos os países.
A obra de Engels Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã teve grande importância no desenvolvimento do movimento revolucionário internacional. A divulgação da doutrina filosófica burguesa, muito em moda nos anos 80 do séc. XIX, o neokantismo, cujo objetivo era a revisão conservadora da filosofia clássica alemã, tornou necessário o aparecimento desse trabalho. Nele Engels submete à crítica todas as fontes do socialismo científico e realça os méritos de Hegel no progresso do pensamento dialético e de Feuerbach no desenvolvimento do materialismo. Engels mostrou que, no processo de elaboração da filosofia marxista tinham sido superados as visões limitadas da dialética de Hegel e do materialismo metafísico de Feuerbach, criando o materialismo dialético.
Engels deu fundamento à tese de que a questão central da filosofia é a relação entre o ser e a consciência, entre a matéria e o pensamento. No plano do movimento operário, a abordagem materialista deste problema é o critério fundamental na luta teórica entre as duas concepções contrárias que permite o debate filosófico com os ideólogos burgueses.
Na parte final de sua obra Engels estuda as leis gerais do progresso social. O autor explica porque é a dialética materialista que permite progredir para além das descobertas de Feuerbach e revelar a essência da revolução nas concepções sobre o desenvolvimento da natureza, da sociedade e do conhecimento.
Para o movimento revolucionário mundial, a obra de Engels Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã é um manual teórico na luta contra a filosofia burguesa, que permite aos socialistas distinguirem nas suas fileiras, os adeptos da concepção idealista do mundo e lutarem intransigentemente contra estas idéias.
Engels escreveu muitas das suas obras a pedido dos socialistas de diferentes países. Em geral estas obras apareciam conforme a premência da luta. Por exemplo, para ajudar os socialistas franceses a superarem vacilações oportunistas na questão agrária e esclarecer o sentido verdadeiro dos postulados marxistas nesta área, Engels escreveu, em 1894, o artigo A Questão Camponesa na França e na Alemanha. Este trabalho marcou mais um passo na elaboração marxista da questão agrária. Mostrou que o partido proletário só poderia conquistar o poder político com a condição de desenvolver uma ampla propaganda junto aos camponeses e de se tornar uma força nas aldeias. Engels sublinhou que o único caminho para a melhora radical na vida dos camponeses era a passagem das pequenas explorações à produção coletiva, comunitária, com a única condição de ser efetuada voluntariamente, com base em exemplos concretos. Advertiu que a política do Estado proletário em relação à grande propriedade fundiária deveria ser diferente, o proletariado vitorioso iria expropriar esta propriedade juntamente com a propriedade privada dos grandes industriais. Porém Engels deu a entender que admitia a hipótese de resgate. "Se a expropriação acontecer com resgate, ou sem este, dependerá em grande parte, não de nós próprios mas das circunstâncias nas quais tomaremos posse do poder, bem como da atitude dos grandes latifundiários. Por nossa parte, não consideraremos de modo algum que o resgate é inadmissível em certas circunstâncias; para esclarecer este ponto posso invocar a opinião de Marx que dizia a propósito que, para nós, a que importa é resgatarmo-nos, do modo mais barato, deste bando ignominioso".
Engels seguiu com atenção o movimento revolucionário russo, mantendo correspondência com muitas personalidades progressistas da Rússia. Comparando analiticamente o movimento operário na Alemanha, na França, nos Estados Unidos e na Rússia, Engels frisava que esta última teria no futuro o papel mais importante. Na Rússia o nome de Engels era associado ao do amigo e companheiro de lutas K. Marx. O maior número de cartas de pêsames por motivo da morte de Marx veio desse país. Até ao final da sua vida, Engels trabalhou muito intensamente. Dois anos antes de morrer escreveu a brochura Será Possível o Desarmamento da Europa? na qual chegou à conclusão de que "o sistema dos exércitos regulares europeus foi levado ao extremo de ameaçar os povos do continente com uma única ruína inevitável, não podendo mais agüentar o peso de exorbitantes despesas militares, ou levaria necessariamente a uma guerra total de extermínio, se estes exércitos regulares não fossem oportunamente transformados em milícias do povo armado". Engels admitia que o desarmamento e a garantia da paz eram possíveis.
Nos últimos anos da sua vida, Engels era o maior líder do movimento operário internacional. Todos os problemas relacionados com a direção do movimento e que antes foram divididos com Marx, caíram sobre ele. A casa em Londres onde morava Friedrich Engels tornou-se uma espécie de estado-maior dos revolucionários de todo o mundo. Daí mantinha ligações com socialistas da Inglaterra, da Alemanha, da França, da Rússia, dos Estados Unidos e de outros países. Daí recebia correspondência, em várias línguas, de organizações operárias e socialistas. Daí elaborava a estratégia da unidade do movimento operário internacional no novo e importante período de seu desenvolvimento e encontravam apoio as iniciativas sobre ações revolucionárias da classe operária.
Engels considerava como uma das suas tarefas principais a criação da nova Internacional Socialista. Por altura dos anos 80 na maior parte dos países europeus já existiam organizações proletárias e daí surgiu a necessidade imperativa de consolidar a solidariedade entre elas. No fim dos anos 80 a social-democracia desenvolveu um vasto trabalho preparatório para convocar o congresso constituinte e Engels empenhou-se em que a nova organização internacional fosse fundada sobre uma sólida base marxista.
Em 14 de Julho de 1889, em Paris, reuniu-se o primeiro congresso dos marxistas ao qual compareceram 407 delegados , de 22 nações. Na sala do congresso viam-se as palavras de ordem "Proletários de Todos os Países, Uni-vos!", "Expropriação política e econômica da classe dos capitalistas, socialização dos meios de produção!". O congresso formulou reivindicações programáticas sobre a legislação do trabalho, comemorações pelo dia 1o de Maio, jornada de 8 horas de trabalho e pela solidariedade proletária internacional.
A festa do 1o de Maio foi uma demonstração viva do fortalecimento da unidade do movimento operário e das forças crescentes do proletariado. A II Internacional centrou a sua atenção no desenvolvimento dos partidos e organizações marxistas de massas em alguns países. A sua tarefa principal foi a preparação da classe operária internacional para a revolução proletária.
Em 1893, apesar da idade e má saúde, Engels viajou por vários países europeus para ativar a propaganda das idéias marxistas. Em 12 de Agosto chegou a Zurich para assistir aos trabalhos do Congresso Internacional Socialista Operário. Ali se discutiam a tática política da social-democracia, as tarefas dos sindicatos e a questão agrária. Na sua intervenção, Engels criticou duramente o anarquismo. Ressaltou que, com sua renúncia à estratégia e à tática do proletariado e a negação do papel dirigente dos partidos, os anarquistas enganam a classe operária e traem os seus interesses. Engels condenou reiteradas vezes os ingênuos que criam ser possível chegar ao socialismo por vias unicamente eleitorais. Exortou a manter e proteger, em todas as circunstâncias, a unidade na luta contra o capitalismo.
No comêço de Setembro, F. Engels, acompanhado por A. Bebel, viajou à Viena, passando por Munich e Salzburg. E, novamente, houve inúmeras saudações dos social-democratas; novamente revelou-se sua tendência de evitar elogios eloqüentes, procurando lembrar as tarefas dos partidos revolucionários.
De Viena, Engels seguiu para Londres, através da Alemanha. Esta viagem tornou-se uma verdadeira marcha triunfal das idéias do comunismo científico. Nos contatos com os social-democratas austríacos e alemães, Engels viu que a teoria do comunismo científico já se tornara patrimônio dos setores revolucionários da classe operária. Os operários que puderam ver e escutar Engels ficaram impressionados com a paixão revolucionária e a firmeza de princípios do líder operário, com o seu humanismo e humildade.
Os anos e a vida difícil do revolucionário deixavam-se sentir cada vez mais, ainda que o enfraquecimento físico não desencorajasse Engels. Mas em Março de 1895 sentiu outro ataque da doença e em 4 de Agosto de 1895, às 22 horas e 30 min., deixou de bater o coração do valente cientista revolucionário, um dos fundadores do comunismo científico. O movimento operário perdeu um dos seus maiores lutadores e pensadores. Na cerimônia de entêrro, em 10 de Agosto de 1895, participaram somente os seus amigos mais íntimos, discípulos e companheiros de luta. Wilhelm Liebknecht falou ao se despedir do Mestre e conselheiro: "Aqui estão presentes poucos, mas estes poucos representam milhões de pessoas, todo o mundo... e eles prepararão a morte do capitalismo... Engels indicou-nos o caminho e foi o dirigente nessa trajetória, foi o líder e o lutador. Nele fundiram-se num todo a teoria e a prática..."
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Caro Leitor, esperamos que a leitura desta biografia de F. Engels tenha sido proveitosa e agradável. Esta biografia foi traduzida do original russo 'Nomes no Obelisco' dos autores D. Valovoi e G. Lapchiná, Ed. Molodaia Gvardiia, Moscou, 1980, especialmente para o Simpósio 'Engels 100 Anos' promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais, realizado entre 7 e 9 de Novembro de 1995.
São permitidas a reprodução, distribuição e impressão deste texto com a devida e inalienável citação da sua origem. Direitos desta tradução e edição reservados ©.
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