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São Paulo, Ed. Anita Ltda, 1997, 280 págs. |         |
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| Resenha:SECCO, Lincoln; e SANTIAGO, Carlos (orgs.)
São Paulo, Ed. Anita Ltda, 1997, 280 págs. | |
Ciro Yoshiyasse
Ciro_Yoshiyasse@revistapraxis.cjb.net
Tecnólogo, membro do Coletivo de Sócios da Revista Práxis.
O livro em questão é uma coletânea organizada pelo Núcleo de Estudos d'O Capital – Partido dos Trabalhadores/São Paulo. Fundado em 10 de agosto de 1991, esse núcleo iniciou sua trajetória discutindo a obra de Karl Marx, seus textos históricos, políticos, econômicos e filosóficos, com destaque para sua obra máxima, O Capital. Posteriormente, as discussões abrangeram várias obras dos clássicos do socialismo, formando-se diversos grupos de estudos em diferentes áreas do saber (educação, ciência e tecnologia, economia política, história). Essas discussões foram acompanhadas por debates, envolvendo estudiosos do socialismo, e desaguaram na produção de artigos.
É tal produção teórica que agora chega ao público na forma de uma coletânea bastante abrangente e bem cuidada editorialmente. A primeira parte, centrada na crítica da economia política, traz uma rica apresentação de O Capital feita pelo historiador Jacob Gorender, onde se destaca o caráter atual e interdisciplinar da obra de Marx. Seguem-se um polêmico texto do professor Paul Singer, sobre a relação do socialismo com a economia de mercado, e um artigo de Carlos Félix, acerca de um tema de grande atualidade: trabalho e globalização.
A Segunda Parte, "História e Política", se inicia com um ensaio de Lincoln Secco sobre a evolução do pensamento socialista no que tange à questão da estratégia revolucionária, partindo de Marx e chegando até os austro-marxistas. Em seguida, uma boa análise de José Rodrigues Mao Jr. acerca da História da Revolução Cubana, à luz do conhecimento historiográfico e documental que se tem hoje. Finalizando, uma notável contribuição de Luís Franco, apresentando, de forma rigorosa, a evolução histórica do Estado e fazendo uma crítica à sua concepção fetichizada (como aparelho de dominação), ressaltando-se seu caráter de relação social.
A Terceira Parte, "Ciências Naturais e Novas Tecnologias", inicia-se com um excelente artigo, "Ciência e Filosofia na Experiência Socialista", de Olival Freire Jr., um físico especializado em História da Ciência, atualmente pesquisando em Paris. O texto seguinte, "Dialética e Teoria da Ciência" (A. L. da Rocha Barros), talvez seja a única aplicação da lei do desenvolvimento desigual e combinado, às ciências naturais, o que lhe confere uma importância ímpar. A seção é fechada com um artigo sobre uma temática de grande interesse nos dias de hoje: Fordismo, Toyotismo e Novas Tecnologias (Osvaldo Coggiola).
A Quarta Parte, Socialismo, Educação e Trabalho, traz os artigos "Educação e Socialismo" (Florestan Fernandes), "Para a Crítica da Qualidade Total no Ensino" (Carlos Santiago) e "Desemprego e Exclusão Social" (Paul Singer), cujos títulos e autores dispensam apresentação. E o apêndice "Florestan Fernandes Teórico e Militante", com os artigos: "Conhecimento Social e Militância Política em F. Fernandes" (Jacob Gorender) e "F. Fernandes Estudante e Estudioso". (Antonio Candido)
O livro pretende ser um apanhado geral sobre a experiência socialista deste século, mas também uma crítica ao capitalismo. Sem deixar de lado a utopia que move a militância de esquerda, mas também sem perder o realismo e a proposta de defesa de um socialismo possível e concreto que, ou será obra dos próprios trabalhadores na sua luta cotidiana ou não existirá. É por isso que convém destacar o fato que o livro foi produzido no interior do PT, porque seus organizadores sabem, parafraseando conhecida asserção de Marx e Engels, que os marxistas não formam um partido à parte da classe operária, devendo respeitar suas lideranças, suas formas de organização e seu nível de consciência possível, atuando ao mesmo tempo para ajudar a esclarecer sobre a importância teórica do socialismo científico. Como ressaltou Florestan Fernandes, no prefácio que fez para esse livro: "O presente livro constitui uma iniciativa cheia de significação. Mais que o texto, ele transcende às intenções dos autores. Pois eles estão mergulhados na divulgação de um estudo sério. O livro nega as propaladas predições de que o socialismo revolucionário e o marxismo perderam qualquer atualidade. O que vemos é o inverso. Das várias correntes do socialismo revolucionário, o marxismo parece ser a que atrai a atenção dos jovens e cresce com todo o vigor. A razão é simples: os dilemas e iniqüidades que ele repudia não foram inteiramente removidos pelo capitalismo oligopolista automatizado e pelo pseudo-‘neoliberalismo’, uma justificação cínica de que tudo é devido ao capital, inclusive a homenagem da fome e da miséria".
Caro Leitor, esperamos que a leitura desta resenha, pertencente à Revista Práxis número 9, Julho de 1997, tenha sido proveitosa e agradável.
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