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Resenha:

MIR, Luís

A Revolução Impossível

A Esquerda e a Luta Armada no Brasil

São Paulo, Ed. Best Seller, 1994, 755 págs.

Fotografia do Massacre da Lapa, 16-12-1976
Fotografia do Assassinato coletivo dos Membros do Comitê Central do PC do B, conhecido como Massacre da Lapa, ocorrido em São Paulo
16 de Dezembro de 1976

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Lincoln Secco
Lincoln_Secco@revistapraxis.cjb.net

Membro do Núcleo de Estudos d'O Capital do Partido dos Trabalhadores /São Paulo, e da editoria da Revista Práxis.


O jornalista hispano-brasileiro Luís Mir pretendeu, num grosso volume acerca da guerrilha no Brasil, lançar novas luzes sobre o período em que ela se deu de modo mais acentuado: os anos sessenta-setenta. Sua tese central, e correta, é que a esquerda armada no país jamais se constituiu num perigo real à estrutura de dominação burguesa. Formados predominantemente por jovens estudantes e intelectuais sem nenhum contato com a classe trabalhadora, a não ser pelos livros e na imaginação, os grupos que pregaram e realizaram a luta armada no Brasil de fins dos anos sessenta até os anos setenta, foram dizimados pela repressão sem que se esboçasse qualquer reação de grande ressonância na sociedade civil amordaçada de então ou no frágil movimento operário.

Para se ter uma idéia, a maior organização militar revolucionária da história do Brasil, a Ação Libertadora Nacional nunca teve mais do que cem ou duzentas pessoas envolvidas direta ou indiretamente com as ações revolucionárias.

Luís Mir faz desfilarem as aventuras e desventuras da esquerda como se escrevesse um romance policial, onde não faltam: elementos de suspense, mesmo em estórias já conhecidas, como a delação e assassinato de Marighela; fugas espetaculares; intrigas internacionais pouco lícitas, que envolveram toda a esquerda, até o pacífico PCB, como a briga que envolveu Miguel Arraes, então na Argélia, e um certo Sílvio Lins, pelo espólio financeiro dos assaltos da esquerda armada, de intermediações junto a empresas estrangeiras e o governo argelino – aliás, o dinheiro da guerrilha caiu quase sempre nas mãos de militares corruptos ou de "guerrilheiros" igualmente facínoras (pp. 595-611); e erros brutais, como por exemplo a votação e posterior assassinato frio e estúpido de Márcio Leite Toledo por divergências internas e a luta pelo comando da ALN – os que votaram a execução: Carlos Eugênio, José M. Barbosa, Antonio Sérgio Matos, Paulo de Tarso Celestino da Silva, Iuri X. Pereira (p. 586).

Apesar do acerto da tese central, o de que a esquerda armada jamais foi além de um desejo pio de derrubar a ditadura, o livro de Mir comete tantos erros que diminuem sua importância historiográfica. Começa pelas fontes: muito mal transcritas, particularmente as orais, em nenhum momento são confrontadas com duas ou três opiniões divergentes para verificar sua autenticidade; no ímpeto de tornar agradável a leitura, qualquer um que diga ter visto Marighela despedindo-se de Câmara Ferreira numa praça pública ou que tenha visto o velho Câmara de um ônibus dias antes de sua morte, ou que "costumava", mesmo não participando da ALN, conversar com o líder da ALN só porque era velho comunista do PCB, é tomado como depoente sem falhas e serve para assegurar que a ALN tentava cooptar quadros do PCB e conquistar suas bases sociais.

Outro problema é que o autor faz uma interpretação do processo histórico, desde o pré-64 até o governo Médici, no mínimo desastrosa. A vulgaridade só não espanta pelo fato de que é melhor considerar a obra antes uma mera reportagem do que um livro de história. A pobreza teórica da avaliação da influência do relatório Krutchev e das revoluções chinesa, cubana e argelina no PCB e no restante da esquerda pós-64, é gritante, reduzindo processos objetivos a pequenas intrigas pessoais e viagens delirantes de Prestes, Fidel, Julião etc.

Esse problema conduz a um terceiro, mais de ordem política e moral do que científica, mas nem por isso desprovido de importância: ao buscar subsídios para sua tese, o jornalista Luís Mir chega a ridicularizar os personagens da história que buscou reconstruir, transformando muitas vezes as vítimas em algozes ou culpadas pelos próprios crimes hediondos da ditadura militar, embora esta não deva ser a intenção pessoal do autor. Sem historicizar as aspirações e opções que a esquerda teve naquele período, sem descrever o ambiente cultural e político internacional, os personagens dessa história – os melhores já mortos, mas muitos ainda vivos – passam apenas por retardados sem visão política alguma. Ora, trata-se de uma geração que errou em tudo e já pagou muito pelos seus equívocos – com os quais devemos aprender –, mas que acima de tudo sonhou, ainda que não se tenha preocupado com os meios mais adequados e possíveis para construir um mundo melhor. Muitos deles, sobreviventes, retomaram o rumo "normal" da vida mesquinha e pequeno-burguesa que um dia acreditaram ter superado de forma "radical" – na verdade, de modo sectário e absurdo –, mas muitos outros continuam na luta.

Por fim, a Editora Best Seller deu um verdadeiro show de erros de português, frases mal construídas, inserções de depoimentos às vezes abruptas e sem identificação e editoração pobre e mal cuidada, o que, ao menos isso, não pode ser debitado do autor.


Caro Leitor, esperamos que a leitura deste artigo, pertencente à Revista Práxis número 7, Junho de 1996, tenha sido proveitosa e agradável. Obrigado.

São permitidas a reprodução, distribuição e impressão deste texto com a devida e inalienável citação da sua origem. Direitos Reservados ©.


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