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Resenha:

FERNANDES, Florestan

A Contestação Necessária

São Paulo, Ed. Ática, 1995, 200 págs.

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Lincoln Secco
Lincoln_Secco@revistapraxis.cjb.net

Membro do Núcleo de Estudos d'O Capital, PT/São Paulo, e da editoria da Revista Práxis.


Último livro escrito e organizado por Florestan Fernandes, A Contestação Necessária é uma coletânea de ensaios inéditos ou publicados de forma dispersa em periódicos brasileiros e do exterior. Os textos enfocam os intelectuais radicais e inconformistas, socialistas ou não, que de algum modo contribuíram para o melhor conhecimento das contradições da sociedade capitalista e para um movimento em direção à superação da civilização ancorada na reprodução do capital e da barbárie a ele inerente.

Lula, Mariátegui, Henfil, Caio Prado Jr., Prestes, Cláudio Abramo, Gregório Bezerra, Marighela, Sacchetta e o revolucionário cubano José Martí compõem o rol dos ativistas e pensadores radicais analisados por Florestan. Mas também os acadêmicos cuja reflexão de alguma forma se encadearam com processos de transformação das ciências sociais no Brasil integram a lista: Antônio Cândido, Octavio Ianni, Roger Bastide e o brasilianista Richard Morse.

Não por acaso Florestan Fernandes inicia o seu livro com um ensaio sobre Lula, aliás, um dos mais extensos: "Por que começar com ele? Porque Lula simboliza, em grau extremo, o operário como inventor de idéias e atesta que o socialismo não está morto: o movimento operário, assim como outros movimentos convergentes do PT (dos negros, mulheres, crianças de rua etc.) carregam consigo detonadores de alta tensão. Ele logrou descobri-los e dinamizá-los. Afirmou-se como intelectual orgânico das classes destituídas ou subalternizadas, com alta capacidade de provocar tentativas históricas de arrancar o Brasil da barbárie." (p.16).

Lula sintetiza para o autor não só um processo histórico de constituição dos trabalhadores como classe que reivindica peso e voz na sociedade civil brasileira, mas também um tipo de intelectual orgânico das classes trabalhadoras. Ou seja, um livro sobre intelectuais, na acepção do pensador italiano Antônio Gramsci seguida por Florestan, não trata apenas de acadêmicos e pensadores tradicionais, mas de todos aqueles que cumprem uma função organizadora na sociedade e que é elaborado por uma classe em seu desenvolvimento histórico – desde um técnico ou um administrador de empresas, intelectuais que servem ao funcionamento do modo de produção capitalista, até um dirigente sindical ou partidário, intelectuais que, mesmo quando ideologicamente cooptados por valores burgueses, são produzidos pela classe trabalhadora. Não existe uma elite de intelectuais acima das classes sociais e das ideologias, como pensava Mannheim, mas cada classe tem seus próprios intelectuais.

Outros intelectuais orgânicos dos "de baixo" se impõem na cena histórica com menor grau de influência de massas – Mariátegui, Martí, Marighella, Gregório Bezerra, Sacchetta –, mas com maior consistência ideológica. Destaca-se, como predecessor de Lula, resguardadas as devidas diferenças, Luiz Carlos Prestes, líder que partiu da revolução para o comunismo e que por isso mesmo não derivou sua ação política apenas do contato com uma ideologia radical, mas enraizou sua ação revolucionária no solo histórico e nacional brasileiro, e por fim, Caio Prado Jr., que colocou seu saber revolucionário a serviço de uma militância nem sempre valorizada e compreendida pelo PCB.

Um segundo grupo de figuras admiradas e descritas por Florestan é composta por comunicadores, publicistas inconformados com o status quo: Cláudio Abramo foi modelo de jornalismo que sabia, sem perder a independência pessoal, a hora e a vez de tomar partido, sem cair nas armadilhas da pretensa neutralidade política; Henfil tombou na luta deixando o exemplo de humanismo socialista e denúncia às injustiças sociais.

O terceiro grupo de intelectuais abrange os acadêmicos, os intelectuais tradicionais. Mas Florestan selecionou um inconformista como Antônio Cândido, um perscrutador das contradições do movimento de reprodução do capital, Octávio Ianni, um lutador pela universalização da cidadania através da reforma educacional, Fernando Azevedo, um francês humanista e que sabia valorizar a cultura dos povos dominados, Roger Bastide, e um brasilianista, Richard Morse, cujas limitações de classe e constrições do trabalho universitário o impediram de soldar-se aos interesses dos espoliados, mas que pertenceu à mesma geração de grandes intelectuais de Florestan e Antônio Cândido, contribuindo decisivamente para o avanço científico do país que escolheu para estudar. Entre os acadêmicos analisados, nem sempre a ligação com o movimento socialista existe ou se faz em ritmos rápidos.

O princípio unificador desse excelente livro de Florestan é sem dúvida alguma o inconformismo intelectual diante da barbárie gerada pelo capitalismo. Poder-se-ia, contudo, buscar um outro tema que resume a razão de ser desse livro: o próprio Florestan Fernandes. Ele trouxe em si um pouco de cada um dos grupos de intelectuais apresentados: começou como um acadêmico rigoroso e de sólida formação teórica nos clássicos das ciências sociais e econômicas; tornou-se depois um publicista revolucionário que incorporou, nos anos setenta, a decisiva contribuição do socialismo revolucionário e reformista – Marx, Engels, Lênin, Kautsky, Gramsci – e, depois da fundação do Partido dos Trabalhadores, fez-se um intelectual orgânico das camadas subalternas. Foi um pensador completo que uniu reflexão e ação, defendendo sempre a unidade da classe trabalhadora contra a burguesia nacional e internacional.

Em tempo: Florestan organizou o livro em Julho de 1995, pouco antes de morrer, e não incluiu seu antigo aluno Fernando Henrique Cardoso entre aqueles que foram intelectuais inconformados com as injustiças sociais!


Caro Leitor, esperamos que a leitura deste artigo, pertencente à Revista Práxis número 7, Junho de 1996, tenha sido proveitosa e agradável. Obrigado.

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