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Engels e as Raízes do 'Revisionismo' 1
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Paul Kellog
Paul_Kellog@revistapraxis.cjb.net
Prof. do Departamento de Política da Ryerson Polytechnic University, Canadá
Este artigo2 tentará contribuir para a reavaliação do lugar de Friedrich Engels no cânon do "marxismo clássico", um tema que tem sido foco de considerável controvérsia. E. P. Thompson, anos atrás, identificou a tendência para transformar-se o "velho Engels em bode expiatório e imputar-lhe qualquer traço que se deseje imputar a marxismos subseqüentes"3. Terrell Carver, por exemplo, coloca em questão a alegação, de Engels, de que Marx teria concordado com as concepções expostas no seu principal trabalho teórico, Anti-Dühring. Argumenta Carver: "Foi apenas no prefácio de 1855 (escrito após a morte de Marx) que Engels tornou pública a ajuda de Marx na coleta de material para o capítulo sobre economia política. E foi apenas então que Engels argumentou que ele teria 'lido quase todo o manuscrito' para Marx 'antes de imprimi-lo'. Não temos qualquer outra evidência para apoiar essa história"4.
Contudo, Anti-Dühring foi publicado e circulou amplamente em 1877-8, cinco anos antes da morte de Marx. Como afirma o próprio Carver, "Marx dificilmente poderia tê-lo ignorado". Com efeito, não o fez. Hal Draper mostrou que "Marx redigiu um endosso irrestrito ao livro para publicação do partido"5. Por que, de fato, permaneceria Marx em silêncio se suas opiniões, como insiste Carver, fossem tão agudamente divergentes das de seu colaborador de longa data? Carver adianta várias hipóteses: o desejo de manter sua longa amizade, a intenção de preservar os seus papéis de liderança no movimento socialista e "a utilidade do suporte financeiro dos recursos de Engels", ou mesmo uma combinação das três, teriam motivado Marx a "manter silêncio e não interferir com o trabalho de Engels, mesmo que em contradição com o seu próprio"6.
Como se Karl Marx autor de Manifesto Comunista, fundador do comunismo internacional, o maior Nemesis do capital pudesse ser comprado! Esse é um método esdrúxulo para estabelecer uma ruptura entre Engels e Marx. Contudo, não deixa de ser representativo na sua avaliação mais geral do lugar de Engels no interior do marxismo. Draper postula que essa avaliação tem um sentido político definido, particularmente no que diz respeito a Anti-Dühring, que "foi a única apresentação mais ou menos sistemática do marxismo feita por qualquer dos dois (...) Quanto maior o vácuo que pode ser criado na doutrina de Marx, mais facilmente podem as lacunas serem preenchidas livremente e segundo os desejos de qualquer um que queira tecer sua própria fantasia sobre o marxismo"7.
Há, pois, claramente uma controvérsia acerca da contribuição global de Engels ao marxismo8, um tema certamente muito mais amplo do que o escopo de um artigo. Aqui, restringiremo-nos a examinar um aspecto desta controvérsia, qual seja, a relação de Engels com a evolução da II Internacional para fora do marxismo revolucionário e em direção à aceitação da via parlamentar ao socialismo. Um dos escritos mais influentes sobre esse tema é Bernstein e o marxismo da II Internacional, de Lucio Colletti9. O trabalho de Colletti é mais substancial do que a maioria das avaliações que fazem de Engels um "bode expiatório". Nele é desenvolvido o argumento segundo o qual as debilidades do legado teórico de Engels deixaram a II Internacional suscetível à ascensão do "revisionismo". O objetivo seria o de advertir os marxistas contemporâneos para os perigos do marxismo mecanicista, cujas raízes, argumentava Colletti, não deveriam ser buscadas apenas nos fracassos dos marxistas do século XX, mas poderiam ser encontradas muito anteriormente nos escritos de um dos co-fundadores de toda a tradição marxista. Duas décadas se passaram e, até hoje, a análise de Colletti é citada, referida e elogiada. Para alguns, transformou-se numa espécie de mini-clássico.
Este artigo questionará a avaliação de Colletti sobre Engels, argumentando que ela é, no seu essencial, incorreta. O marxismo de Engels está em completa contradição com o de Bernstein e não é seu precursor. Na medida em que a crise na Europa Oriental10 abala rudemente muitos truísmos neomarxistas, será de máxima importância, para a última década deste milênio, ter um apoio seguro na tendência real de evolução do marxismo "clássico". A análise de Colletti, ao descartar o legado de Engels, perde esse apoio.
Colletti sobre Engels O texto de Colletti serviu de introdução à reedição de 1968 de Socialismo e Social-Democracia, de Bernstein. O cerne do seu argumento é que, embora representantes da II Internacional, como Kautsky e Plekhanov, houvessem combatido Bernstein, a ruptura deste último com o marxismo teria profundas raízes no marxismo que ambos representavam. Colletti mostra que a "teoria do colapso" da crise capitalista, como esposada por muitos dos líderes teóricos da II Internacional, baseava-se numa falsa leitura de O Capital, e era facilmente refutável. Ela abriu espaço para que Bernstein montasse um espantalho (a teoria da revolução em Marx se apoiaria na inevitabilidade do colapso da economia capitalista) e, mostrando como o capitalismo pode sobreviver a qualquer crise, procedesse pela substituição de uma estratégia revolucionária por uma de reforma gradual, parlamentar. Colletti demonstra que tal crítica perde o fundamental. Marx, em O Capital, não afirmou a inevitabilidade do colapso, mas a inevitabilidade da crise. Os ciclos recorrentes de competição, a superprodução, a queda da taxa de lucro e as crises seguidas por falências, concentração e centralização, uma elevação na taxa de lucro, um novo round de competição etc. por si mesmos não levariam ao fim e à supressão do capitalismo. Conduziriam a uma concentração e a uma centralização cada vez maiores, por um lado, do capital, e, por outro, da força-de-trabalho. A crescente contradição entre a experiência coletiva de trabalho (as "forças de produção") e a natureza privada da apropriação (as "relações de produção") poria a possibilidade do socialismo, poria até mesmo a necessidade do socialismo, mas não sua inevitabilidade.
Colletti mostra o quanto dessa leitura equivocada de Marx se baseia na confusão sobre o que é economia política burguesa e o que é especificamente marxiano. A separação de uma esfera isolada chamada "a economia" é central na economia política burguesa. Tal separação mistifica as relações sociais no cerne da economia, tornando possível uma crítica de "leis econômicas" que não seja, ao mesmo tempo, uma crítica revolucionária da sociedade capitalista. Marx não se limita à lei do valor de Smith e Ricardo, mas a desenvolve como integrante da sua teoria do conceito de "fetichismo". A lei do valor parece ser a lei da relação entre coisas (mercadorias). Ela mascara, todavia a relação entre pessoas uma relação de exploração na extração de mais-valia, baseada na ditadura da burguesia , daí o termo "fetichismo da mercadoria", isto é, o fazer das relações entre mercadorias um fetiche. Para Marx, uma "economia" deve simultaneamente ser uma sociologia, uma história uma teoria política. O que Colletti mostra é que a II Internacional se afastou desta perspectiva, colocando sua teoria em contradição com o pensamento revolucionário que professava. Sua teoria se harmonizava cada vez mais com a sociedade capitalista, enquanto sua estratégia ainda visava à subversão revolucionária da sociedade. O que Bernstein fez foi realinhar a estratégia da II Internacional com a sua teoria11.
Resumi longamente os argumentos de Colletti pois os considero, até este ponto, esclarecedores, importantes e corretos. Todavia, também considero que a sua avaliação do papel de Engels nessa disputa se apoia em um terreno muito inseguro. O seu argumento se restringe a uma análise do "testamento político" de Engels, que teria sido uma das fontes do revisionismo de Bernstein, o seu "preâmbulo e preparação inconsciente"12. Nesse ponto crucial, argumentarei, Colletti está errado.
O testamento a que Colletti se refere é a introdução redigida por Engels, em 1895, para a primeira reimpressão de As lutas de classe em França, de Marx, um dos últimos textos que Engels escreveu antes de sua morte naquele mesmo ano13. Colletti reconstrói a argumentação tal como foi publicada em 6 de março de 1895. Segundo Engels, em 1848, ele e Marx consideravam que a Europa estava madura para a transformação socialista. Eles estavam enganados. No meio século posterior, o capitalismo mostrou um extraordinário vigor, industrializando toda a Europa, inclusive a Alemanha. Não apenas suas análises econômicas estavam erradas em 1848, diz Engels, como também estava a sua teoria da revolução. "Fortemente marcados pela memória dos protótipos de 1789 e 1830", Marx e Engels acreditaram que as revoluções poderiam ser revoluções de uma minoria. Se isto fora verdade para toda revolução na história anterior à do proletariado, para a revolução proletária seria impossível. Uma revolução proletária deveria envolver a vasta maioria dos proletários, ou não seria nada. "A forma da luta de 1848 é hoje obsoleta em todos os aspectos, e isto é um ponto que merece um exame mais detalhado na presente situação"14. A partir dessa análise, da necessidade de ganhar-se a vasta maioria para o projeto de transformação socialista, Engels se refere com aprovação à tática da social-democracia alemã: "Trabalho longo, paciente 'lento trabalho de propaganda e atividade parlamentar' , é reconhecido como 'a tarefa imediata do partido'"15. Dois perigos ameaçavam esse trabalho: uma reversão à perspectiva da "revolução de uma minoria", à la 1848, e a tomada prematura do poder em uma única cidade, isolada do resto do país, à la Comuna de Paris de 1871. A eleição, permitida pela burguesia como um meio para enganar a classe trabalhadora, deveria ser transformada num instrumento de emancipação16.
"Devemos esclarecer", diz Colletti, "que tal visão estratégica ainda não é, de modo algum, 'revisionismo'". Mas reflete a mesma "perspectiva estratégica" que veio a ser conhecida como revisionismo de Bernstein. "O direito de voto é considerado uma arma que pode, em curto espaço de tempo, levar o proletariado ao poder; a Comuna de Paris é considerada um episódio sangrento que não deve ser repetido"17.
Colletti pontuou o seu texto com ressalvas similares. Após delinear o nódulo da perspectiva parlamentar de Bernstein, afirma: "Obviamente, no seu último texto, Engels não teve a intenção de dizer qualquer coisa nesse sentido. Além disso, o próprio Bernstein, ao salientar a importância do 'testamento político', reconheceu que dificilmente se poderia esperar que Engels adotasse essa 'revisão necessária da teoria'"18. Mas, com ressalvas ou não, o argumento de Colletti é cristalinamente claro: para encontrar a fonte do revisionismo de Bernstein nós devemos voltar-nos para bem antes dos tão conhecidos renegados Kautsky e Plekhanov e apontar o mentor deles (Friedrich Engels).
Contudo, é justa a reconstrução dos argumentos de Engels feita por Colletti? O primeiro passo a ser dado é o reconhecimento de que o texto é, pelo menos, ambíguo. O cerne do argumento de Colletti é a sua interpretação, já referida, de que, para Engels, "o direito de voto é considerado uma arma que pode, em curto espaço de tempo, levar o proletariado ao poder"19. Colletti faz uma leitura de entrelinhas, pois em nenhum lugar Engels o afirma. Diz que o voto é uma arma. Mas que o seu uso não leva ao poder dos trabalhadores e sim ao fortalecimento do partido dos trabalhadores. Seu "inevitabilismo" diz respeito não à inevitabilidade do poder dos trabalhadores através do parlamento, mas à inevitabilidade do crescimento, sob a situação da legalidade de então, do tamanho da social-democracia alemã: o "seu (do partido) crescimento se dá tão espontânea, segura e irresistivelmente, e, ao mesmo tempo, de forma tão tranqüila, quanto um processo natural"20.
Engels também afirma explicitamente que as revoluções de modo algum se tornaram obsoletas: "Claro, nossos camaradas estrangeiros não renunciam ao seu direito à revolução. O direito à revolução é, ao fim e ao cabo, o único 'direito histórico' real, o único direito em que todos os Estados modernos, sem exceção, apoiam-se"21. E, ao discutir a experiência de 1848, vai ainda mais longe: após 1848, "O período de revoluções de baixo para cima foi encerrado no estágio atual; seguiu-se-lhe um período de revoluções de cima para baixo. A reação imperial de 1851 deu uma nova prova da então imaturidades das aspirações do proletariado. Contudo, ela própria criaria as condições sob as quais essas estavam destinadas a amadurecer"22.
Revoluções de baixo estavam "no estágio atual" superadas. Aspirações do proletariado estavam "então" imaturas, mas o próprio desenvolvimento do capitalismo estava criando "as condições sob as quais essas estavam destinadas a amadurecer". Tudo isso é um marxismo muito usual, elementar. De modo algum prefigura Bernstein.
Engels, ao analisar a Comuna de Paris, não concluiu que a revolução de baixo para cima é obsoleta enquanto estratégia. A Guerra Franco-Prussiana, que a precedeu, "possibilitou um levante vitorioso. Mostrou que, em Paris, não é mais possível outra revolução que a proletária. Após a vitória, o poder caiu, por si próprio e quase sem disputas, nas mãos da classe trabalhadora"23.
O domínio da classe trabalhadora se provou impossível, não porque os trabalhadores parisienses erroneamente sucumbiram à "violência" de uma revolução de massas de baixo para cima, mas porque "por um lado, a França deixou Paris abandonada, assistiu pacificamente enquanto ela sangrava das balas de MacMahon; por outro lado, a Comuna foi desgastada pelas disputas infrutíferas entre dois partidos que a dividiam, os blanquistas (a maioria) e os proudhonistas (a minoria), nenhum dos quais sabendo o que deveria ser feito"24.
A conclusão dessa linha de raciocínio não é o abandono tout court da estratégia de uma revolução de massas, mas antes assegurar que tal revolução não esteja isolada em uma minoria do país e desarmada devido a uma liderança dividida. A lição da Comuna de Paris é que uma minoria da classe trabalhadora não pode manter o poder se ele vier a esta como um "presente" pelo colapso do estado burguês. Analogamente, a lição de 1848 mostra o "quão impossível era (...) ganhar a reconstrução social através de um simples ataque de surpresa"25. A lição não é escolher o parlamento ao invés da revolução armada; mas, antes, não se engajar em aventuras quando uma minoria revolucionária tentar prematuramente tomar o poder em nome de uma classe trabalhadora majoritariamente passiva e cujo único papel é o de observadora. Os revolucionários devem ganhar a liderança política da classe trabalhadora com consciência de classe e então esmagar o Estado.
A "rebelião no velho estilo, a luta de rua com barricadas (...) estava em larga escala obsoleta"26, mas não totalmente obsoleta. O "lento trabalho de propaganda e atividade parlamentar são (...) as tarefas mais imediatas do partido"27. A social-democracia está "indo muito bem no momento, mantendo-se dentro das leis"28, mas não há qualquer sugestão de que essa "tarefa imediata", que "no momento" está "indo muito bem", esteja escrita em pedra como a única tática da social democracia, ou o modo pelo qual os trabalhadores chegarão ao poder.
De fato, uma leitura honesta do texto pode mais facilmente chegar à conclusão que Engels argumentava a favor do uso da legalidade e do direito de voto para ganhar a maioria como prelúdio à luta revolucionária pelo poder. O Sufrágio universal "se transformou no nosso melhor meio de propaganda"; a agitação eleitoral "nos possibilita os melhores meios para entrar em contato com as massas do povo"; o Reichstag29 se converteu em "plataforma da qual eles (os representantes social-democratas) podem responder aos seus oponentes no Parlamento e às massas com uma autoridade e uma liberdade muito maior que na imprensa ou em nossas reuniões"30. A lição de 1848 e 1871 é que minorias não podem estabelecer o poder dos trabalhadores. A legalidade e o parlamento são úteis na trajetória em direção à revolução, para ganhar a maioria da classe trabalhadora, mas a sua vasta maioria deve estar consciente e ativa para que a transformação socialista possa ocorrer.
"O tempo para ataques de surpresa, de revoluções levadas a efeito por pequenas minorias conscientes na liderança de massas inconscientes, é passado. Quando a questão é uma transformação completa da organização social, as próprias massas devem também estar nela, devem elas mesmas já ter compreendido o que está em jogo, para que estão lutando. A história dos últimos cinqüenta anos nos ensinou isto. Mas para que as massas compreendam o que deve ser feito, um longo e persistente trabalho é necessário, e é justamente esse trabalho que nós estamos buscando, e com um sucesso que leva o inimigo ao desespero"31.
O "truque" de Liebknecht A interpretação de Colletti é plausível. O texto, talcomo ele foi impresso pela primeira vez, é ambíguo. Tudo que fiz até agora foi demonstrar que Engels nunca, nesse texto, argumentou explicitamente a favor da via parlamentar para o socialismo, e que também há uma outra leitura plausível do texto que é oposta a de Colletti a de que Engels não argumentava contra uma estratégia revolucionária, insurrecional, mas apenas contra insurreições de uma minoria. Ele postula que se ganhe a consciência de classe majoritária para o projeto da transformação socialista e, com base nela, subverta-se a ordem existente.
Colletti está em boa companhia ao explorar essa "ambigüidade". A sua interpretação, ou outras do tipo, podem facilmente ser denominadas de "hegemônicas" no marxismo contemporâneo. Entre muitos exemplos, vale a pena citar a do influente marxologista David McLellan. McLellan, em seu trabalho Marxism After Marx, termina sua discussão acerca da contribuição de Engels ao legado marxista com uma extensa citação do "testamento". Ele assim o comenta:
"Tais passagens, consideradas como o 'testamento' político de Engels, certamente exerceram um papel ao influenciar os líderes do SPD, apesar de dever-se assinalar que Engels concordou (com muita relutância) em retirar certas passagens revolucionárias sob a pressão dos líderes de Berlim. Em todo caso, pode ser facilmente apreciado que a posição um tanto ambivalente de Engels forneceu munição para ambos os lados no grande debate sobre se as doutrinas políticas de Marx necessitavam ser revistas à luz das circunstâncias que se alteravam"32.
Contudo, a ambigüidade do texto desaparece quando nós o examinamos não como foi pela primeira vez impresso, mas como ele foi escrito. A sua primeira versão publicada a versão que Colletti analisa foi editada e copidescada por Wilhelm Liebknecht (Não fica claro o motivo pelo qual McLellan acredita que Engels teria concordado com tais cortes). Apesar dos protestos de Engels, o texto integral não foi impresso por quarenta anos. Houvesse sido publicado como foi escrito, ninguém nem Bernstein, nem McLellan ou Colletti poderia ter argumentado que esse "testamento político" envolveria uma ruptura com o passado revolucionário de Engels.
Engels desabafou sua fúria com os líderes partidários justamente porque ele sabia que a versão ambígua editada poderia servir como um amparo ao reformismo. Em 1º de abril de 1895, escreveu a Karl Kautsky: "Para meu espanto, vejo hoje no Vorwärts um extrato da minha Introdução, impresso sem o meu conhecimento e cortado de tal modo que eu pareço um pacífico pregador da legalidade a qualquer preço. Ainda bem que a coisa toda deverá aparecerá agora no Neue Zeit, de modo que esta vergonhosa impressão será apagada. Eu darei a Liebknecht uma boa resposta e também, não importa quem seja, a todos aqueles que deram a ele a oportunidade de distorcer minha opinião sem me dizer sequer uma palavra sobre isto"33.
O velho estava raivoso. Dois dias mais tarde, ele escreveu uma carta para Paul Lafargue em Paris: "Liebknecht acabou de pregar-me uma boa. Ele selecionou de minha Introdução aos artigos de Marx sobre a França de 1848-50 tudo que poderia servir de suporte à tática de paz a qualquer preço e de oposição à força e à violência, a qual tem lhe agradado pregar desde já algum tempo, especialmente agora, quando leis coercitivas estão sendo preparadas em Berlim. Mas eu estou advogando estas táticas apenas para a Alemanha de hoje, e mesmo assim com uma importante ressalva. Em França, Bélgica, Itália e Áustria estas táticas não poderiam ser seguidas por inteiro e na Alemanha podem tornar-se inaplicáveis amanhã"34.
O "truque" de Liebknecht não foi retificado até 1930. Assim, durante as três primeiras décadas deste século, talvez houvesse espaço para algum mal-entendido. Mas, quando Colletti (e McLellan) escreveu, já eram públicas tanto a versão real do "testamento" de Engels, quanto a sua furiosa correspondência denunciando o cretinismo legalista que desnaturou seu artigo. E, mesmo assim, Colletti em nenhum momento se referiu, nem à versão integral do trabalho, nem à opinião de Engels a respeito daquilo sobre o qual o texto de fato argumentava. Isso teria demolido toda a argumentação, central a Colletti, de que nesse "testamento" repousaria o germe da doença revisionista.
Examinemos os principais trechos que Liebknecht achou tão repugnantes. O primeiro é a avaliação de Engels sobre os combates de rua enquanto tática, à luz das experiências de 1848. Ele argumenta que apenas barricadas nunca podem vencer uma revolução. Mas elas podem abalar o moral dos militares, ajudar as forças revolucionárias a dividirem o exército, uma necessária pré-condição à vitória. A tesoura de Liebknecht removeu as seguintes linhas que vinham a seguir: "Este é o ponto principal, que deve ser mantido em mente, quando novamente as possibilidades de futuros combates de rua contingentes forem examinadas"35. Futuros combates de rua! Isto era pavoroso aos partidários da via parlamentar. A social-democracia iria enfrentar combates de rua no futuro! As lições de Engels acerca de 1848 não são as de dizer "nunca" às barricadas, à violência etc., mas as de especular como elas poderiam ser mais efetivas da próxima vez! A tesoura fez o seu trabalho.
Pouco mais de uma página depois, as lâminas foram novamente necessárias. Engels desenvolvia o argumento sobre como a burguesia estava muito mais preparada nos anos 1890 do que em 1848 para enfrentar os combates de rua. Houve mudanças, "todas a favor dos militares". Os exércitos são maiores, extensas estradas de ferro tornam a sua concentração em qualquer parte do país muito mais fácil, rifles de repetição substituíram os antigos fuzis manuais e surgiram ogivas de percussão que "podem demolir qualquer barricada". Mas as coisas não mudaram apenas em termos de tecnologia militar: "todas as condições do lado insurgente se desenvolveram para pior". Será difícil unir "todo o povo" contra o regime numa revolta proletária. A base urbana de massa para os "partidos reacionários que se aglutinaram ao redor da burguesia" é incomparavelmente maior do que nos primeiros dias do capitalismo. "O 'povo', portanto, sempre aparecerá dividido, e esse poderoso apoio, tão extraordinariamente efetivo em 1848, estará faltando. (...) Uma parte dos soldados se passará para o lado da revolução, mas armá-los com armas de caça e de luxo não será tão efetivo contra os novos armamentos dos militares". "E finalmente", continua Engels: "Desde 1848, os novos quarteirões construídos nas grandes cidades foram estruturados em ruas longas, retas e largas, de modo a conferir todo poder aos novos canhões e rifles. O revolucionário teria que ser um louco se escolhesse, de livre e espontânea vontade, os distritos trabalhadores do norte e do leste de Berlim para uma luta de barricadas"36.
Se parasse aqui, tais palavras seriam uma peroração evangélica contra toda organização de uma insurreição armada. Contudo, Engels não o fez. O resto do parágrafo, removido pelas tesouras favoráveis à via parlamentar de Liebknecht, continua: "Isto significa que, no futuro, os combates de rua não mais jogarão qualquer papel? Certamente que não. Apenas significa que as condições desde 1848 se tornaram muito mais desfavoráveis para combates civis, muito mais favoráveis para os militares. Um futuro combate de rua pode ser vitorioso, portanto, apenas quando esta situação desfavorável for compensada por outros fatores. Deste modo, ela ocorrerá mais raramente no início de uma grande revolução do que no seu desenvolvimento posterior e terá que ser iniciada com forças maiores. Essas, contudo, podem bem preferir, como na Grande Revolução Francesa, em 4 de setembro e 31 de outubro de 1870, em Paris, o ataque aberto à tática passiva das barricadas"37.
Que linhas profundas e proféticas. Engels delineia, com cristalina claridade, o que ocorreria na Rússia em 1917. É claro que os "combates de rua" terão o seu papel, mas não no início de uma revolução e sim no seu final, quando as forças revolucionárias ganharam a maioria da classe trabalhadora e dividiram as forças militares do Estado. A Revolução de Fevereiro de 1917 inaugurou uma situação dual de poder, no início da qual os bolcheviques eram uma minoria da classe trabalhadora. Entre fevereiro e outubro, eles ganharam o apoio da maioria nos sovietes das maiores cidades da Rússia, dividiram o exército e, com essa base, lançaram "combates de rua" para subverter o Estado burguês. É como se Engels, neste parágrafo censurado, estivesse prevendo o futuro. Os bolcheviques não sabiam que estavam realizando uma ação que Engels antecipara na teoria em 1917, a versão não censurada no texto de Engels ainda estava empoeirando-se nos arquivos da social-democracia , mas eles a cumpriram à letra, até ao ponto de preferir "o ataque aberto às passivas táticas de barricadas" quando chegou a hora de organizar a insurreição.
Engels não estava antecipando Bernstein, estava antecipando Lenin. De uma outra perspectiva, estava antecipando Gramsci. Entre os grandes marxistas, Gramsci desenvolveu esta questão mais do que todos. Toda a sua análise acerca de guerra de posição e guerra de movimento é diretamente antecipada pelo "testamento" de Engels38. Se um assalto frontal, ou uma "guerra de movimento", já esteve na agenda imediata, devido à natureza "gelatinosa", subdesenvolvida, da sociedade civil, o moderno capitalismo requer a "guerra de posição". "Trabalho longo e persistente", "lento trabalho de propaganda", são os equivalentes engelsianos para a "guerra de posição" de Gramsci. Nenhum deles renunciou ao uso da força (apesar de haver quem postule que Gramsci o tenha feito, de modo muito similar à mesma postulação em relação a Engels39). Simplesmente argumentaram que o partido revolucionário deve engajar-se em anos de trabalho preparatório, fortalecer-se e ganhar uma maioria antes que uma insurreição armada esteja na agenda. Esta linha de raciocínio era inaceitável para Liebknecht e outros líderes do SPD, de modo que o "testamento" de Engels foi privado do seu conteúdo vital.
Nós não examinamos todas as partes retiradas por Liebknecht. Ele removeu uma seção na qual Engels argumentava contra os combates de rua prematuros de modo a "não desperdiçar esse aumento diário da tropa de choque na vanguarda da luta, mantendo-a intacta até o dia da decisão"40. A implicação é, claro, que as táticas revolucionárias, não estando na agenda presente, estarão num futuro "dia da decisão". No mesmo parágrafo, Engels repete esse ponto, afirmando que se uma insurreição for prematura, "a força de choque não estaria, talvez, disponível no momento crítico, na luta decisiva"41. Liebknecht, obviamente, removeu essas palavras. Finalmente, os alertas de Engels contra a crença de que a legalidade duraria para sempre. Dirigindo-se ao Estado alemão, afirma: "Se, portanto, você violar a Constituição do Reich, então a social-democracia estará livre, poderá fazer e deixar de fazer o que quiser contra você. Mas o que ela então fará dificilmente lhe permitirá perceber hoje"42. Hoje, a burguesia nos permite trabalhar abertamente. Muito bem, nós usaremos esta legalidade para fortalecer nosso partido. Mas nós não temos ilusões de que nossos legisladores acreditam nessa "luta de classes legal". Nós estamos completamente preparados para uma nova lei "anti-socialista" e, quando ela vier, nós iremos, obviamente, trabalhar clandestinamente, ilegalmente. E, claro, nós não lhe daremos qualquer pista desta estratégia. Apenas um idiota avisa antecipadamente o seu inimigo.
Colletti está absolutamente correto: as raízes do revisionismo de Bernstein calam fundo na ortodoxia da II Internacional. Mas o "testamento" de Engels não é uma dessas raízes. Um exame sério desse texto mostra claramente, acima de tudo, que ele é parte da "ortodoxia" marxista revolucionária contra a qual Bernstein está argumentando. Uma leitura honesta da versão não-censurada do testamento de Engels teria forçado Colletti a removê-lo de suas "raízes do revisionismo" e acrescentar Liebknecht, ao lado de Kautsky e Plekhanov, como defensores da ortodoxia que "portava as sementes" do revisionismo em oposição a Engels. O Engels de 1895 não era diferente do Engels de 1874, quando escreveu que a "força (...) joga ainda um outro papel na história, um papel revolucionário (...) nas palavras de Marx é a parteira de toda velha sociedade grávida de uma nova (...) é o instrumento com o auxílio do qual o movimento social abre o seu caminho e abala as forças políticas mortas, fossilizadas"43.
Conclusão: sobre o método O método escolhido por Colletti, na sua avaliação de Engels e Bernstein, tornou inevitável que ele incorresse em problemas. Sua crítica dos textos chaves é lúcida, clara e estimulante algumas vezes, brilhante mas permanece apenas isto: uma crítica de textos. É um valioso exercício de busca das raízes dos escritos de Bernstein nos escritos de Kautsky, Plekhanov et al., e de tentar enraizá-los nos escritos de Engels. Mas o método do materialismo histórico requer algo além disso. A teoria não é validada apenas por colocar notas de rodapé. Deve ser testada na prática e na história da prática. Essa última dimensão, a realidade material, está inteiramente ausente dos argumentos de Colletti.
Colletti não foi o primeiro a identificar as raízes do reformismo na II Internacional. Um marxista, que já foi muito admirado Vladimir Lênin , esteve, durante anos, obcecado exatamente por essa questão após os partidos da II Internacional terem, em 1914, capitulado aos argumentos patriotas e apoiado as suas classes dirigentes nacionais na matança da I Guerra Mundial. Obviamente, ele identificou as suas raízes teóricas (a ponto de reler quase toda a obra de Hegel na tentativa de recolocar a dialética no marxismo), mas não se deteve apenas nisso: buscou suas raízes nas condições materiais, a vida e a prática dos movimentos trabalhistas e socialistas nos países capitalistas avançados. Denominou oportunismo aquilo contra o que lutava seus representantes chaves eram os mesmos Kautsky e Plekhanov e os compreendeu como diretamente ligados ao revisionismo de Bernstein. Em janeiro de 1915, escreveu: "oportunistas são, de fato, elementos não-proletários hostis à revolução socialista (...) (O estrato de oportunistas no movimento dos trabalhadores) inclui funcionários dos sindicatos legais, parlamentares e outros intelectuais, que conseguiram para si próprios situações cômodas e confortáveis no movimento de massas legal, alguns setores dos trabalhadores melhores pagos, empregados de escritório etc."44.
Em junho de 1915, ele definiu os oportunistas como "um estrato social ativo, consistindo de parlamentares, jornalistas, funcionários públicos, pessoal de escritório privilegiado e alguns estratos do proletariado"45. Em agosto de 1915, delineou suas origens: "As condições objetivas no final do século XIX (...) criaram uma pequena crosta de oficialidade e aristocracia da classe trabalhadora"46. Em janeiro de 1916, esboçou desta forma o desenvolvimento da colaboração de classe e do oportunismo: "O caráter relativamente 'pacífico' do período entre 1871 e 1914 serviu para gestar o oportunismo, primeiro como um estado de espírito, depois como uma tendência, até finalmente formar um grupo ou estrato entre a burocracia trabalhadora e os 'companheiros-de-viagem' pequeno-burgueses"47. Em Outubro de 1916, definiu a composição do estrato no movimento dos trabalhadores em que se baseava o oportunismo: "ministros do trabalho, 'representantes do trabalho' (...) trabalhadores membros dos comitês das indústrias de guerra, funcionários públicos, trabalhadores pertencentes às estreitas corporações de trabalho, empregados de escritório"48. Esta era a base material para o reformismo: "As dezenas de milhares de líderes, funcionários públicos e trabalhadores privilegiados, que foram desmoralizados pelo legalismo, desorganizaram a força de milhões do exército proletário social-democrata"49.
O que interessa aqui não é o questionável argumento de Lenin acerca da "aristocracia operária"50. A questão é o seu método. Ele buscou as raízes do afastamento teórico do marxismo não apenas e principalmente no mundo das idéias, mas na esfera da prática da realidade material51. O extraordinário impacto dessa "realidade material" do aparato e do movimento dos trabalhadores alemães é sucintamente sumariado por Chris Harman:
"Mesmo que não pudessem derrubar o Estado, os socialistas puderam erigir seu próprio 'Estado dentro do Estado'. Com seus milhões de membros, seus 4,5 milhões de eleitores, seus noventa jornais diários, seus sindicatos e cooperativas, seus clubes de esporte e de música, suas organizações juvenis, suas organizações femininas e seus funcionários full-time, o SPD era de longe a maior organização da classe trabalhadora no mundo. (...) Mas décadas de trabalho através de esquemas legais de ajuda e seguro, de intervenção do Estado nas negociações trabalhistas, e acima de tudo atividades eleitorais, inevitavelmente tiveram um efeito sobre os membros do Partido: a teoria revolucionária do Programa de Erfurt foi sendo reduzida a algo a ser utilizado no dia do trabalho e na oratória dos discursos de domingo à tarde, sem qualquer conexão com o que o Partido de fato fazia"52.
A brilhante exegese textual de Colletti não contém nada semelhante. No entanto, com isso, muito do "mistério" por trás do desvio do marxismo para a forma se torna claro. Nós não temos que distorcer e nuançar o último artigo de um velho revolucionário para descobrir como estas idéias se perderam. Porque distorcido e nuan-çado ele teve de ser para que fosse possível converter o velho Engels no predecessor de Bernstein. A raiz de Bernstein, contudo, não está em Engels, mas na realidade material da prática cotidiana da Social Democracia européia (em especial a alemã). E o fundamento do equívoco de Colletti, ao tentar enraizar Bernstein em Engels, está em sua falha em aplicar o conceito tão claramente sumariado por Marx e Engels em 1848, "que as idéias, concepções e perspectivas dos homens, em uma palavra, a consciência dos homens, alteram-se com toda mudança nas suas condições materiais de existência, nas suas relações sociais e na sua vida social"53. As "condições de existência material" da social-democracia alemã, as "relações sociais e a vida social" dos membros do Partido haviam se transformado, daquelas estruturadas para a luta clandestina, para as da prosperidade aberta e legal. É pela análise dessas mudanças na existência material em conjunção com a crítica à la Colletti do pensamento marxista da época de Bernstein que a raiz do revisionismo pode ser encontrada. O foco pode ser retirado dos escritos censurados de Engels e voltados para onde, segundo a análise marxista, mais propriamente devem estar: as "relações sociais e a vida social".
1 - Este artigo foi publicado na revista Science & Society, vol. 55, nº 2, no verão de 1991. (NT) Tradução: Sergio Lessa. (NE)
2 - As idéias para este artigo amadureceram na York University, em Toronto, ao longo de discussões com Ellen Wood. Alguns aspectos da argumentação foram desenvolvidos numa curta resenha de As Lutas de Classe em França ("Testament of Revolt: 'Off the Shelf' Reviews of Karl Marx, Class Strugges in France"; In: Socialist Worker Review, 93, Dezembro 1986) e mais amplamente em um paper apresentado em abril de 1990 na quinta conferência anual do Graduate Group in Marxist Studies da University of New York, em Buffalo (SUNY/Buffalo). Minhas discussões com Paul Deising, Ajit Sinha e Paul Zarembka, de SUNY/Buffalo, e com Paresh Chattopadhyay, da Université du Quebec, em Montreal, foram extremamente pertinentes. Phillip J. Wood, do Political Studies Department da Queen's University, fez comentários muito úteis, assim como os pareceristas anônimos da Science and Society. Apenas eu, obviamente, sou responsável pela forma final da argumentação. Recursos financeiros do Social Sciences and Humanities Research Council of Canada e a School of Graduate Studies de Queen's contribuiram para as despesas. Este artigo é dedicado à memória do falecido Hal Draper, que compreendeu Engels melhor do que seus pares.
3 - THOMPSON, E. P.. "The poverty of theory: or an orrery of errors". In: The Poverty of Theory and Others Essays. Londres, Merlin Press, 1979, p. 261.
4 - CARVER, T.. Engels. Toronto, Oxford University Press, 1981, p. 75.
5 - DRAPER, H.. Karl Marx's Theory of Revolution. Vol. I: State and Bureaucracy. New York, Monthly Review Press, 1977, p. 76.
6 - CARVER, T.. Op. cit., p. 76.
7 - DRAPER, H.. Op. cit., p. 24.
8 - Carver desenvolveu o seu argumento com muito mais detalhes (Marx and Engels: The Intellectual Relationship. Bloomington, Indiana University Press, 1983), postulando que "as opiniões do último Engels de fato tornaram obscuras as opiniões e ainda mais a importância da crítica de Marx, reconhecidamente difícil, à economia política". Isso teria ocorrido porque Engels, diferente de Marx, "considerou a ciência natural como sendo (potencialmente) universal em escopo, indutiva, causal e particularmente preocupada com o estabelecimento de 'leis'". (Op. cit., XV) É necessário uma argumentação muito mais longa para rebater essas afirmações, que são bastante amplamente aceitas entre acadêmicos marxistas, mas isto ficará para outra ocasião.
9 - COLLETTI, L.. "Bernstein and the Marxism of the Second International". In: COLLETTI, L.. From Rousseau to Lenin: Studies in Ideology and Society. New york, Monthly Review Press, 1972.
10 - O texto foi escrito em 1991, em plena derrocada do Leste Europeu. (NT)
11 - COLLETTI, L.. Op. Cit., pp. 52-102.
12 - Idem. Ibidem, p. 105.
13 - Deve-se notar que Engels jamais pretendeu que ela fosse um testamento final. Contudo, ela se tornou conhecida como tal. Manterei o uso tornado popular do termo.
14 - COLLETTI, L.. Op. cit., p. 456.
15 - Idem. Ibidem, p. 46.
16 - Idem. Ibidem, pp. 45-8.
17 - Idem. Ibidem, p. 105.
18 - Idem. Ibidem, pg. 51.
19 - Idem. Ibidem, p. 105.
20 - ENGELS, F.. "Introduction". In: MARX, K.. The Class Strugle in France. New York, International Publishers 9-30, 1972, p. 27.
21 - Idem. Ibidem, p. 26.
22 - Idem. Ibidem, p. 17.
23 - Idem. Ibidem, p. 18.
24 - Idem. Ibidem, p. 18.
25 - Idem. Ibidem, p. 16.
26 - Idem. Ibidem, p. 21.
27 - Idem. Ibidem, p. 26.
28 - Idem. Ibidem, p. 28.
29 - O Parlamento alemão. (NT)
30 - Idem. Ibidem, p. 25.
31 - MCLELLAN, D.. Marxism After Marx. Boston, Houghton Miffin Company, 1979, p. 17.
33 - ENGELS, F.. "Engels to Karl Kautsky in Stuttgart". In: MARX, K. e ENGELS, F.. Selected Correspondence. Moscou, Progress Publishers, 1975, pp. 462-3.
34 - Idem. "Engels do Paul Lafargue in Paris". In: MARX, K. e ENGELS, F.. Selected Correspondence. Moscou, Progress Publishers, 1975, p. 461.
35 - Idem. "Introduction". Cit., p. 23.
36 - Idem. Ibidem, pp. 23-4.
37 - Idem. Ibidem, pp. 24-5.
38 - GRAMSCI, A.. Selections from the Prison Notebook. New York, International Publishers, 1976.
39 - Há dois trabalhos excelentes sobre o pensamento de Gramsci que comprovam ter sido ele, acima de tudo, um revolucionário. Cf, Anderson, 1976 e Haman, 1977.
40 - ENGELS, F.. "Introduction". Cit., p. 27.
41 - Idem. Ibidem, p. 27.
42 - Idem. Ibidem, p. 29.
43 - Idem. Ibidem, p. 220.
44 - LÊNIN, V. I.. "What Next". In: LÊNIN, V. I.. Collected Works. Moscou, Progress Publishers, 1980, vol. 21, p. 109.
45 - Idem. "The Collapse of the Second International". In: LÊNIN, V. I. In: Collected Works. New York, International Publishers, Nova Iorque, 1980, vol. 6, p. 250.
46 - Idem. "Socialism and War". In: LÊNIN, V. I.. Collected Works. Moscou, Progress Publishers, 1977, vol. 22, p. 310.
47 - Idem. "Opportunism and the Collapse of the Second International". In: LÊNIN, V. I.. Collected Works. New York, International Publishers, 1980, vol. 6, p. 111.
48 - Idem. "Imperialism and the Split in Socialism". In: LÊNIN, V. I.. Collected Works. Moscou, Progress Publishers, 1977, vol. 22, p. 115.
49 - Idem. "How Police Reactionaries Protect Unity of German Social-Democracy". In: LÊNIN, V. I.. Collected Works. Moscou, Progress Publishers, 1977, vol. 21, p. 130.
50 - Para um exame das dificuldades inerentes a essa teoria, cf., CLIFF, T.; "Economic Roots of Reformism"; In: CLIFF, T.; Neither Washington nor Moscow. Londres, Bookmarks, 1982, pp. 108-17; e CLIFF, T. e GLUCKSTEIN; Marxism and Trade Union Struggle; Londres, Bookmarks, 1986, especialmente as pp. 35-41.
51 - Lenin não ignorou a teoria, a análise de texto ou a filosofia. Dado o desvio antimaterialista de boa parte da esquerda contemporânea, é importante reiterar a relação entre a filosofia e o método materialista. Como foi mencionado, a imersão na filosofia de Hegel, precursora à sua investigação sobre as raízes do revisionismo, visou a recuperar a dialética e a novamente torná-la central para o marxismo. Ler Hegel por meses seguidos, no meio da I Guerra Mundial, significa um respeito muito elevado pela filosofia por parte, ao menos, desse materialista juramentado. Contudo, tal exercício filosófico esteve enraizado numa análise social e histórica materialista, sem a qual sua compreensão do reformismo seria muito mais débil.
52 - HARMAN, C.. The lost revolution: Germany 1918 to 1923. Londres, Bookmarks, 1982, p. 17.
53 - MARX, K e ENGELS, F.. "Manifest of the Communist Party". In: MARX, K. e ENGELS, F.. Collected Works. New York, International Publishers, 1979, vol. 6, p. 503.
Caro Leitor, esperamos que a leitura deste artigo, pertencente à Revista Práxis número 4, Julho de 1995, tenha sido proveitosa e agradável.
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