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Resenha:

ALBUQUERQUE, Eduardo da Mota

Invenções, Mutações

O Progresso Científico-Tecnológico em Habermas, Offe e Arrow

Belo Horizonte, UNA, 1996.

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José Corrêa Leite
Jose_Correa_Leite@revistapraxis.cjb.net

Editor do jornal Em Tempo.


Um texto de Claus Offe, publicado no livro Capitalismo Desorganizado (São Paulo, Ed. Brasiliense, 1989), tornou-se, há alguns anos, a principal referência para o debate sobre a questão do trabalho. Ele lançava a pergunta: o trabalho ainda continua sendo a categoria sociológica chave para o estudo da sociedade atual? E respondia pela negativa, afirmando que o trabalho tinha perdido o papel estruturador da vida social que grande parte dos analistas da modernidade lhe atribuíam.

A obra de Eduardo Albuquerque oferece uma resposta diferente, fruto de um fértil trabalho interdisciplinar. Para ele, o que assistimos é um reposicionamento do trabalho. O primeiro capítulo do livro defende a idéia de que está ocorrendo um deslocamento da centralidade do trabalho manual para o trabalho intelectual e não o fim do papel decisivo do trabalho na sociedade capitalista contemporânea. Como diz Eduardo, "o trabalho é uma categoria central, mas o caráter do trabalho que é central mudou" (p. 23). O autor critica os "estudos que se concentraram predominantemente no 'pólo' do trabalho manual e, assim, debilitaram a sua visão de conjunto, identificando uma 'desqualificação do trabalho' (do trabalho manual) sem identificar a outra ponta, que é a 'hiperqualificação' (do trabalho intelectual)".

Essa tese é sustentada a partir de uma análise do capitalismo contemporâneo que, retomando as análises de Marx dos Grundrisse, destaca a integração da invenção ao processo de produção. De um lado, Marx sustentava que o agente real do processo de trabalho real é não o operário individual, mas uma crescente capacidade de trabalho socialmente combinada, que ele chamou de "trabalhador coletivo". De outro, que o conhecimento social se tornou força produtiva imediata: a criação de riquezas passa a depender do estado geral da ciência e do progresso da tecnologia, ou da aplicação da ciência à produção.

Retomando os estudos não apenas econômicos, mas também sociológicos, sobre o mundo do trabalho e sua ética, Eduardo Albuquerque vai descrever as condições que propiciaram não apenas a ascensão do que Weber analisou como a ética do trabalho, mas também seu declínio atual, como parte da reestruturação do "processo de produção como um todo". O autor concluí constatando "um desenvolvimento substancial do 'pólo' do trabalho intelectual, o 'pólo' capaz de desenvolver o 'conhecimento social geral' e 'objetivá-lo nas máquinas'". A isso corresponde a "redução do peso do outro 'pólo', o de trabalho manual, processe que se expressará tanto na 'degradação do trabalho' como na ampliação de sua complexidade e de categorias intermediárias" (p. 49).

Se o trabalho ainda é uma categoria central, Eduardo reconhece em Offe o mérito de ter diagnosticado um deslocamento do papel subjetivo do trabalho na sociedade atual, lembrando que a ascética ética do trabalho estava associada às condições de escassez e de repressão, destacadas não apenas por Weber mas também por Freud, e que os enormes avanços na produtividade do trabalho social propiciados pela aplicação da ciência à produção apontam para uma sociedade onde a jornada de trabalho é radicalmente reduzida. O autor cita um ensaio de Keynes, de 1930, que previa que no ano 2030 três horas de trabalho seriam "suficientes para satisfazer o velho Adão que existe em nós" (p. 53). Se isso pode ou não se concretizar, depende da luta política e social.

Não cabe aqui retomar as polêmicas que o autor desenvolve nos três capítulos seguintes da obra. Mencionemos apenas que o segundo capítulo, escrito em conjunto com João Antônio de Paula, examina e critica a análise empreendida por Habermas sobre o papel da ciência e da tecnologia na sua teoria social e do seu diagnóstico de crise da sociedade do trabalho, análise profundamente condicionada pelo abandono por Habermas da teoria do valor trabalho. A defesa da teoria marxista do valor retorna nos capítulos seguintes: um acompanha o debate sobre a possibilidade ou não de uma sociedade inteiramente robotizada entre Ian Steedman (que segue a análise de Sraffa do valor e admite a possibilidade de uma economia sem trabalho, mas com lucros) e Tessa Morris-Suzuki (que em dois artigos publicados na New Left Review, criticou essa idéia); outro, um exame da teoria do economista de origem neoclássica Kenneth Arrow sobre as relações das invenções e pesquisa com o mercado, mostrando como ele tem que questionar premissas básicas da teoria marginalista para lidar com o tema.

Este tema é, depois, retomado no capítulo final do livro, que examina o impacto do reposicionamento do trabalho e da aplicação sistemática da ciência à produção sobre o processo de valorização do capital. O seu mote é a contradição já apontada por Marx entre as forças produtivas colocadas em movimento pelo "general intellect" e a base mesquinha de sua medição através do tempo de trabalho (isto é, pela forma valor que organiza a produção e o conjunto da atividade econômica sob o capitalismo). Como afirma Eduardo, "há uma mudança decisiva sob o capitalismo onde o conhecimento se transformou em força produtiva imediata: o centro dinâmico do sistema está fora da operação imediata da lei do valor... Para que o valor continue a vingar, é necessário o desenvolvimento de uma esfera onde ele não impere (ou fora de suas regras): uma singular esfera, onde a participação de recursos públicos e estatais é determinante. É nessa esfera que o capital encontra uma permanente fonte de conhecimento para que ainda possa revolucionar a sua base técnica" (p. 191). Daí a necessidade, para o capitalismo, da montagem de "sistemas nacionais de inovação" ou de capacitação técnica e científica, articulados a partir da esfera política, para que a valorização do capital prossiga seu curso.

Esse exame do tema central da reestruturação capitalista em curso nos conduz aos debates decisivos do marxismo contemporâneo: o lugar do trabalho na sociedade e dos trabalhadores como classe na política, o potencial de dinamismo e os limites das mutações do modo de produção capitalista em curso. Uma obra importante sobre uma discussão incontornável para a renovação do pensamento socialista.

Infelizmente o livro, publicado por uma editora universitária mineira, não está tendo a divulgação nacional que merece. Ele pode ser obtido por encomenda direta ao seu distribuidor. Os pedidos podem ser feitos à Livraria Pool Técnico – Belo Horizonte, fone (31) 224-8077 e fax (31) 224-8322.


Caro Leitor, esperamos que a leitura desta resenha, pertencente à Revista Práxis número 11, de Julho de 1998, tenha sido proveitosa e agradável.

São permitidas a reprodução, distribuição e impressão deste texto com a devida e inalienável citação da sua origem. Direitos Reservados ©.


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