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Resenha:

FONT, M. A.

Coffee

Contention and Change in the Making of Modern Brazil

Massachusetts, Basil Blackwell Ed., 1990.

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Janes Jorge
Janes_Jorge@revistapraxis.cjb.net

Pós-graduando em História pela Universidade de São Paulo, USP.


Ao estudar a economia e a sociedade paulista na República Velha, Maurício A. Font procura entender em que condições o desenvolvimento de um dinâmico e especializado setor agrário de exportação em São Paulo, que mantinha laços de dependência com a economia mundial, acabou gerando um processo de diferenciação e desenvolvimento econômico, bem como uma complexa realidade sócio-política. Realiza assim, uma discussão que interessa a todos que procuram entender as peculiaridades da expansão e da consolidação da sociedade capitalista no Brasil.

O livro de Font não é novo, publicado que foi em 1990. Sem uma tradução para o Português, é pouco conhecido no Brasil, apesar das polêmicas que algumas de suas teses suscitam e de ter sido utilizado em obras recentes de dois historiadores renomados: Nicolau Sevcenko e Boris Fausto.

Partindo de uma tese central – a de que a economia cafeeira paulista conheceu, a partir mesmo das primeiras décadas de sua expansão, uma mudança estrutural, com o desenvolvimento de uma economia agrária alternativa, baseada em pequenos e médios agricultores, em sua maior parte de origem imigrante, que não só plantavam café mas também se dedicavam a produzir alimentos para a população sempre crescente do Estado –, Font estabelece uma rede de efeitos dessa mudança sócio-economica fundamental e re-interpreta temas decisivos para a compreensão da sociedade paulista no período, tais como o impacto da imigração no desenvolvimento capitalista brasileiro, a industrialização de São Paulo, a chamada crise dos anos vinte, as dissidências paulistas e a própria Revolução de 30.

Outros autores que pesquisaram São Paulo no mesmo período já haviam atentado para muitos pontos que Font destaca e que revelam uma insuspeita complexidade da sociedade paulista no período. Thomas Holloway, por exemplo, em seus originais trabalhos da década de oitenta, já tinha constatado a presença significativa de imigrantes como pequenos e médios produtores rurais no interior paulista. O que Font fez foi reunir e aprofundar certos aspectos que estavam dispersos em várias obras, somá-los aos resultados de suas próprias pesquisas – que se centram na análise das ações coletivas perpetradas em território paulista – e elaborar uma discussão sistemática, organizando tudo isso em um explicação coerente e global, dialogando de maneira constante com teóricos do desenvolvimento capitalista em regiões periféricas.

Font contesta a supremacia absoluta da grande propriedade no total da produção cafeeira e o predomínio inconteste dos grandes fazendeiros e de seus aliados na vida paulista durante toda a República Velha, ressaltando que tal situação só ocorreu nas três últimas décadas do século XIX, sofrendo um processo de transformações acelerado nos trinta anos subsequentes.

Nesse processo, a imensa massa de imigrantes que afluiu para São Paulo para trabalhar nas lavouras de café, mas que almejava escapar à extenuante e pouco promissora vida de colono, tem papel decisivo, pois ela impôs o estabelecimento de um mercado livre de terras nas extensas e férteis zonas da fronteira agrícola paulista, ao mesmo tempo em que ocorria o retalhamento das grandes propriedades cafeeiras decadentes nas zonas mais antigas e de baixa produtividade.

O mercado de terras logo atraiu grileiros, coronéis ligados ao Partido Republicano Paulista e investidores estrangeiros, surgindo uma exploração sistemática desse inesperado e lucrativo negócio através das companhias de colonização. Criou-se assim, uma economia agrária alternativa, cujos interesses, mesmo quando ligados à cafeicultura, divergiam freqüentemente dos interesses da grande fazenda, e que, buscando espaço, contribuía para alterar os esquemas de comercialização e exportação do café, que simultaneamente escapavam das mãos dos grandes fazendeiros e se concentravam nas dos financistas internacionais.

Esse processo teria um impacto decisivo em toda a sociedade paulista e é a ele que Font se remete para explicar o dinamismo da economia no período. O próprio processo de industrialização de São Paulo, visto muitas vezes com simples extensão da acumulação capitalista oriunda da grande fazenda, vincularia-se, na original e interessante perspectiva de Font, antes a essa economia agrária alternativa, não só por processar principalmente produtos agrícolas dela provenientes, algodão para a indústria têxtil e produtos alimentícios para processamento industrial, como também por ter nela um importante mercado consumidor. Surgiu, assim, um intrincada rede comercial e de serviços entre a cidade de São Paulo, o interior paulista e um complexo econômico que, no conjunto, era orientado tendo-se em vista o mercado interno em expansão.

A contrapartida política dessas transformações sócio-econômicas seria um deslocamento do poder no interior do Partido Republicano Paulista, organização que dominava a vida política do Estado desde a proclamação da República, e que procura incorporar as novas classes emergentes em sua estrutura de dominação, atendendo clientelisticamente suas demandas, como por exemplo, garantindo o transporte ferroviário para as zonas de fronteira agrícola. Ao mesmo tempo, nas localidades com forte presença de pequenos e médios proprietários, lideranças políticas chegam ao poder contestando rivais ligados a famílias tradicionais, embora mantendo os seus métodos e sua concepção oligárquica de mundo.

Para Font, a chave para a compreensão dos anos vinte em São Paulo estaria justamente nesse reordenamento sócio-político e econômico e na resistência que o latifúndio cafeeiro tradicional e seus aliados lhe impuseram.

Desafiados, mas contando ainda bastante poder, os grandes fazendeiros e os setores tradicionais da cafeicultura passaram a fazer uma crítica feroz ao poder perrepista, que dava expressão aos novos interesses, em um processo que culminou na formação do Partido Democrático. Nessa perspectiva, a revolução de 30, vista sob o prisma de suas lideranças em São Paulo, foi o ato extremado dessa reação à economia agrária alternativa e ao desenvolvimento industrial – ambos setores majoritariamente constituídos por imigrantes – e procurava restaurar uma situação negada pela própria dinâmica da sociedade, embora atraísse setores da população urbana, oprimidos pelo PRP, com um discurso oposicionista adequado.

Como se vê o livro é bastante inovador, abrindo amplas perspectivas de debate e pesquisa. E por isso mesmo merece ser mais conhecido.


Caro Leitor, esperamos que a leitura desta resenha, pertencente à Revista Práxis número 11, de Julho de 1998, tenha sido proveitosa e agradável.

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