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Resenha:

KURZ, Robert

O Colapso da Modernização


Da Derrocada do Socialismo de Caserna
à Crise Econômica Mundial
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Tradução: Karen E. Barbosa

Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1992, 243 págs.

Lincoln Secco
Lincoln_Secco@revistapraxis.cjb.net

Pós-graduando em História Econômica na USP, São Paulo, coordenador do Núcleo de Estudos de O Capital do PT/SP, membro da Editoria da Revista Práxis.


Um dos livros que mais suscitou polêmicas depois da queda dos regimes do Leste Europeu foi o de Robert Kurz, um autodidata até então obscuro.

0 filósofo alemão vê o "socialismo de caserna" como tributário da mesma lógica de valorização do capital atinente aos países ocidentais; a revolução bolchevique, portanto, só teria repetido, num tempo concentrado, o mesmo processo multissecular de acumulação primitiva e de emergência do trabalho abstrato e do valor de troca como categorias históricas dominantes, tal como ocorreu no ocidente.

Desse modo, a crise do Leste é parte da crise mundial do capitalismo hodierno, a qual se iniciou no Terceiro Mundo e já abarca o coração do sistema: os países da OCDE.

0 que permite a Kurz proceder uma metacrítica do sistema mundial produtor de mercadorias (incluindo o "socialismo real") é, dentre outros fatores, a definição de fases monetaristas e estatistas num movimento pendular durante toda a história do sistema capitalista; dessa forma, o estatismo, enquanto ideologia oficial dos bolcheviques de 1917, remete às idéias mercantilistas do século XVI e, particularmente, ao "Estado Racional" descrito por Fichte no ano de 1800. Tal crítica atinge, obviamente, Lênin:

"Assim, os bolcheviques ficaram praticamente com a razão, tendo que se iludir, porém, ideologicamente, quanto ao verdadeiro conteúdo de sua revolução, devido à ilusão de Lênin sobre a primazia da política"1.

0 movimento operário foi um enorme fator de desentrave das relações sociais de produção que impediam o aumento das forças produtivas na Rússia Czarista, promovendo o desenvolvimento tardio e intensificado de uma sociedade atrasada. Inobstante tal fato, Kurz desconsidera as tentativas de formular a categoria "capitalismo de Estado" e mesmo vários teóricos que tentaram caracterizar a "etapa de transição" inaugurada pelos bolcheviques, não poupa críticas também à social-democracia européia, dirigente de um modelo econômico esgotado e ao movimento ecológico, prisioneiro de uma crítica ao consumismo que não ultrapassa a ideologia burguesa, responsabilizando os produtos industrializados pela degradação ambiental; ora, o fetichismo não reside nas coisas, mas na forma mercadoria, assim como a degradação ambiental não resulta do fato de se produzirem bens de uso e sim do contrário, do fato de se abstrair cada vez mais o valor de uso subordinando a produção real ao engendramento formal do valor econômico e transformando os produtos reais em mero estágio evanescente da transmutação formal do capital mercadoria em capital dinheiro. A produção abstrata de valor subordina a produção real de valores de uso; como mercadoria, um produto é algo desprovido de suas qualidades sensoriais e físicas, sendo somente "gelatina indiferenciada de trabalho abstrato" (Marx).

0 caráter sensorial do produto é secundário diante da "produção insensível de mais-valia" (Kurz). Mas se a alta produtividade do trabalho criou as bases objetivas da superação do trabalho enquanto necessidade pretensamente ontológica dos homens, como emancipação da natureza, o automovimento do dinheiro, impõe uma segunda natureza constituída pela reprodução social da forma mercadoria2.

Exatamente esta segunda natureza, dotada de leis coativas inescapáveis para os sujeitos humanos que não são outra coisa que "mônadas", "máscaras de dinheiro" (Kurz), e que desvela seus limites de reprodução. 0 enorme incremento das forças produtivas impulsionado pela concorrência entre unidades empresariais e entre países, que leva à diminuição do valor unitário das mercadorias, só agora cria as bases objetivas da superação da produção mercantil e do dispêndio de trabalho abstrato. 0 modo de produção do capital arrosta assim a sua crise terminal.

Dessas contradições imanentes do capital enquanto processualidade que exige maior extração de trabalho não pago e ao mesmo tempo elimina paulatinamente o trabalho vivo que gera tal excedente, e que são necessariamente "determinações constitutivas do capital" (Marx), Robert Kurz deriva seus prognósticos de colapso do sistema.

0 aumento da produtividade do trabalho, ceteris paribus, diminui o valor das mercadorias e é um decurso da concorrência. Nas condições atuais não há possibilidade de se combinar a produtividade crescente e a redundância relativa do trabalho vivo com o aumento absoluto deste. 0 corolário é a dispensa de trabalhadores! Isto é uma contradição interna ao capital, já que este mitiga exatamente seu fator essencial de reprodução cíclica, a força de trabalho, mediante o aumento da sua composição orgânica.

Kurz observa o fenômeno na sua concretude, tal qual se desenvolve nos dias de hoje:

"Tendencialmente, o capitalismo tornou-se incapaz de explorar, isto é, pela primeira vez na história capitalista está diminuindo também em termos absolutos - independentemente do movimento conjuntural - a massa global do trabalho abstrato produtivamente explorado, e isso em virtude da intensificação permanente da força produtiva" (p. 266).

Diante da crise de esgotamento do capital e do seu processo de valorização, emerge da pena de Kurz o grande desafio da sua superação e uma sombria análise da possível barbárie. 0 ceticismo relativo advém da crítica acerba e devastadora do movimento operário e à qual, até este momento, nenhum dos seus representantes respondeu satisfatoriamente:

"Uma vez que essa crise consiste precisamente na eliminação tendencial do trabalho produtivo e, com isso, na supressão negativa do trabalho abstrato pelo capital e dentro do capital, ela já não pode ser criticada ou até superada a partir de um ponto de vista ontológico do trabalho, da classe trabalhadora, ou da luta de classes trabalhadoras. Nessa crise, e em virtude dela, revela-se todo o marxismo da história como parte integrante do mundo burguês da mercadoria moderna, sendo por isso ele próprio atingido pela crise" (p. 227; vide também p. 29 e pp. 46-67).

Kurz aponta uma contradição entre uma suposta ontologia do trabalho inerente às formulações do movimento operário e o próprio "trabalho" como categoria social constituída pelo capital e subsumida à forma mercadoria. A luta de classes poderia, assim, atingir no máximo a "emancipação capitalista dos trabalhadores" garantindo o reconhecimento dos seus direitos alusivos a cidadania, ao valor da força de trabalho e à "impessoalidade" como "máscaras de dinheiro" (Kurz).

A diminuição histórica do trabalho abstrato, afirmada por Kurz, interpela decisivamente a toda a humanidade: a abolição do capital dentro do próprio capital é também o progressivo fim do sujeito histórico de sua superação.


1 - KURZ, R. 0 Colapso da Modernização. Trad. Karen E. Barbosa. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1992, p. 54 (as demais referências se baseiam nesta edição);

2 - MARX,K. 0 Capital. Trad. F. Kothe e R. Barbosa. São Paulo, Ed. Abril Cultural, 1984, vol. 1, Tomo 1, p. 81.


Caro Leitor, esperamos que a leitura desta resenha, pertencente à Revista Práxis número 1, de 1994, tenha sido proveitosa e agradável.

São permitidas a reprodução, distribuição e impressão deste texto com a devida e inalienável citação da sua origem. Direitos Reservados ©.


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