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A Guerra Civil em França Introdução |
Friedrich Engels
Nascido em 28 de Novembro de 1820, na cidade de Barmen, Prússia Alemã. Falecido em 5 de Agosto de 1895, em Londres, Inglaterra.
Principais Obras: "A Situação da Classe Operária na Inglaterra", "O Manifesto do Partido Comunista", "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", "Anti-Dühring", "A Dialética da Natureza" e "Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemâ", entre outras.
Traduzido do original alemão para o Galego por Joám Castinheira
Tradutor da versão galega: Néliton Azevedo
neliton@revistapraxis.cjb.net
Publicada em Die Neue Zeit, no 28 (Vol. II), 1890-91, e na edição integral de A Guerra Civil em França, 3a Edição, Ed. Vorwärts, Berlim, 1891.
(Texto Original em alemão)
'Introducción' de Friedrich Engels, en español
A Guerra Civil em França
INTRODUÇÃO (1)Por Friedrich Engels
Serviço militar obrigatório. (Nota do WebMaster da Revista Práxis na Internet - NW) [ Voltar ] Eu não esperava que me pedissem a preparação de uma nova edição do Manifesto do Conselho Geral da Internacional sobre A Guerra Civil em França e acompanhada de uma Introdução.
Por isso, posso apenas tocar brevemente aqui os pontos mais importantes.
Anteponho ao extenso trabalho citado acima os dois manifestos, mais curtos, do Conselho Geral sobre a Guerra Franco-Prussiana. Em primeiro lugar, porque em A Guerra Civil se faz referência ao segundo destes dois manifestos que, por sua vez, não pode ser completamente compreendido sem o primeiro. Mas, aliás, porque estes dois manifestos, escritos também por Marx, são, igual que A Guerra Civil, salientáveis exemplos dos dotes extraordinários do autor - manifestadas pela primeira vez n'O 18 Brumário de Luís Bonaparte (2)- para vermos claramente o caráter, o alcance e as conseqüências necessárias de grandes acontecimentos históricos num momento em que estes desenvolvem-se ainda perante os nossos olhos ou acabam mesmo de produzir-se. E, finalmente, porque na Alemanha estamos ainda a padecer as conseqüências daqueles acontecimentos, tal como Marx as tinha predizido.
Não aconteceu o que se diz no primeiro manifesto: se a guerra defensiva da Alemanha contra Luís Bonaparte degenerasse numa guerra de conquista contra o povo francês, reviveriam com redobrada intensidade todas as desventuras que a Alemanha tinha experimentado após as chamadas guerras de libertação(3)? Não padecemos outros vinte anos de dominação bismarckiana, com a sua Lei de Exceção e a sua batida anti-socialista substituindo as perseguições contra os "demagogos"(4) com as mesmas arbitrariedades policiais e a mesma, literalmente a mesma, interpretação indignante das leis?
Não se cumpriu ao pé da letra a predição de que o fato de anexar Alsácia e Lorena "deitaria a França nos braços da Rússia" e de que a Alemanha com esta anexação se tornaria abertamente um vassalo da Rússia, ou teria que preparar-se, depois de um breve cessar-fogo, para uma nova guerra que, além do mais, seria "uma guerra racial contra as raças eslavas e latinas coligadas"?(5) A anexação das províncias francesas não deitou mesmo a França nos braços da Rússia? Não implorou Bismarck em vão durante vinte anos inteiros os favores do czar, prestando-lhe serviços ainda mais baixos do que aqueles com que a pequena Prússia, quando ainda não era a "primeira potência da Europa", costumava prostrar-se aos pés da santa Rússia? E não paira constantemente sobre as nossas cabeças a espada de Dâmocles de uma guerra que, no seu primeiro dia, converterá em fumaça todas as alianças de príncipes seladas em documentos, uma guerra em que a única certeza é a absoluta incerteza do seu desfecho, uma guerra racial que entregará toda a Europa à obra devastadora de quinze ou vinte milhões de homens armados e que, se não começou ainda a fazer estragos, é simplesmente porque até o mais forte dos grandes Estados militares treme ante a completa impossibilidade de prever o seu resultado final?
Eis porque é que estamos ainda mais obrigados a pôr de novo ao alcance dos operários alemães estas brilhantes mostras, hoje meio esquecidas, da clarividência da política operária internacional em 1870.
E o que dizemos destes dois manifestos serve para A Guerra Civil em França. Em 28 de Maio os derradeiros lutadores da Comuna sucumbiam ante forças superiores no sopé de Belleville, e dois dias depois, no dia 30, Marx já lia ao Conselho Geral o trabalho em que se delineava a significação histórica da Comuna de Paris, em traços breves e enérgicos, mas tão nítidos e sobretudo tão exatos que não tenham sido nunca igualados em toda a enorme massa de escritos publicada sobre este tema.
Mercê do desenvolvimento econômico e político da França a partir de 1789, a situação em Paris nos últimos cinqüenta anos tem sido tal que não podia estalar ali nenhuma revolução que não assumisse o caráter proletário, quer dizer, sem que o proletariado, que tinha pagado a sua vitória com o seu sangue, apresentasse as suas próprias reivindicações depois do triunfo atingido. Estas reivindicações eram mais ou menos faltas de claridade e até muito confusas, consoante com o grau de desenvolvimento dos operários de Paris em cada ocasião, mas, afinal, reduziam-se sempre à eliminação do antagonismo de classe entre capitalistas e operários. é claro que ninguém sabia como é que se podia conseguir isto. Mas a reivindicação mesma, por vaga que fosse a maneira de formulá-la, encerrava já uma ameaça à ordem social existente; os operários que a formulavam ainda estavam desarmados; por isso, o desarmamento dos operários era o primeiro mandamento dos burgueses que se achavam à frente do Estado. Daí que, após cada revolução ganha pelos operários, estale uma nova luta, que termina com a derrota destes.
Assim é que aconteceu pela primeira vez em 1848. Os burgueses liberais da oposição parlamentar organizavam banquetes em que advogavam por uma reforma eleitoral que devia garantir a dominação do seu partido. Vendo-se cada vez mais obrigados a apelarem ao povo na luta que sustinham contra o governo, não tinham mais remédio que ceder a primazia às camadas radicais e republicanas da burguesia e da pequena burguesia. Mas por trás destes setores estavam os operários revolucionários, que desde 1830 tinham adquirido muta mais independência política do que os burgueses e mesmo os republicanos imaginavam. Ao se produzir a crise entre o governo e a oposição, os operários principiárão a luta nas ruas. Luís Filipe desapareceu e com ele a reforma eleitoral, vendo a ocupar o seu posto a República, e uma república que os mesmos operários vitoriosos qualificárão de "social". Porém, ninguém sabia com clareza, nem os mesmos operários, o quê havia que entender pela citada República social. Mas os operários tinham agora armas e eram uma força dentro do Estado. Por isso, logo que os republicanos burgueses, que empunhavam o timão do governo, sentírão que calcavam terreno mais ou menos firme, propuzeram-se como primeiro objetivo desarmar os operários. Isto aconteceu quando fôram empurrados à Insurreição de Junho de 1848, violando manifestamente a palavra dada, lançando-lhes uma burla aberta e tentando desterrar os desempregados a uma província longínqua. O governo tivera cuidado para assegurar uma esmagadora superioridade de forças. Após cinco dias de luta heróica, os operários fracassáram. A isto seguiu um banho de sangue entre prisioneiros indefesos como nunca se tinha visto desde os dias das guerras civis com que principiou a queda da República Romana. Era a primeira vez que a burguesia mostrava a quê grau de desmedida crueldade de vingança é capaz de recorrer logo que o proletariado se atrever a fazer-lhe frente, como classe à parte com os seus próprios interesses e reivindicações. E no entanto, 1848 não foi mais do que um jogo de crianças se comparado com o frenesim da burguesia em 1871.
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Armazenagem de Armas e Canhões, Paris, 1871
Fotografia originalO castigo não se fez esperar. Se o proletariado não era ainda capaz de governar França, a burguesia também não podia continuar a governá-la. Pelo menos naquela altura, quando a maior parte dela era ainda de espírito monárquico e se achava dividida em três partidos dinásticos (6), mais um quarto partido, o republicano. As suas dissensões internas permitíram ao aventureiro Luís Bonaparte tomar posse de todos os postos de mando - exército, polícia, aparelho administrativo - e fazer saltar, em 2 de Dezembro de 1851(7) o derradeiro baluarte da burguesia; a Assembléia Nacional. O segundo Império(8) inaugurou a exploração de França por uma quadrilha de aventureiros políticos e financeiros, mas ao mesmo tempo também iniciou um desenvolvimento industrial, como nunca teria podido conceber-se sob o mesquinho e assustadiço sistema de Luís Filipe, nas condições da dominação exclusiva de só um pequeno setor da grande burguesia. Luís Bonaparte tirou aos capitalistas o Poder político com o pretexto de os defender dos operários, e, de outra parte, estes de aqueles; mas, como contrapartida, o seu regime estimulou a especulação e a atividade industrial; numa palavra, o auge e o enriquecimento da burguesia toda em proporções até então desconhecidas. Desenvolvêram-se ainda em maiores proporções, é claro, a corrupção e o roubo em massa, que pulularam à volta da Corte Imperial e atingiram bons dividendos deste enriquecimento.
Mas o Segundo Império era a apelação ao chauvinismo francês, a reivindicação das fronteiras do Primeiro Império perdidas em 1814, ou as da Primeira República. Era a longo prazo impossível que subsistisse um império francês dentro das fronteiras da antiga monarquia e, ainda mais, dentro das fronteiras ainda mais amputadas de 1815. Isto implicava a necessidade de guerras ocasionais e a da ampliação de fronteiras. Mas não havia ampliação de fronteiras que fascinasse tanto a fantasia dos chauvinistas franceses como aquela que se fizera à custa da beira esquerda alemá do Rhin. Para eles uma milha quadrada no Rhin valia mais do que dez nos Alpes ou noutro lugar qualquer. Proclamado o Segundo Império, a reivindicação da beira esquerda do Rhin, fosse ao todo ou por partes, era simplesmente uma questão de tempo. E o tempo chegou com a Guerra Austro-prussiana de 1866(9). Defraudado nas suas esperanças de "compensações territoriais", pelo engano de Bismarck e pela sua própria política astuta e vacilante, Napoleão não tinha outra saída além da guerra, que estalou em 1870 e o empurrou primeiro a Sedám e depois a Wilhelmshöhe(10).
A conseqüência inevitável foi a Revolução de Paris de 4 de Setembro de 1870. O Império derrubou-se como um castelo de cartas e de novo foi proclamada a República. Mas o inimigo estava às portas. Os exércitos do Império estavam sitiados em Metz sem esperança de salvação ou prisioneiros na Alemanha. Nesta situação angustiosa, o povo permitiu aos deputados parisienses do antigo Corpo Legislativo se constituir num "Governo de Defesa Nacinal". O que de melhor vontade o levou a aceder a isto foi que, para fins de defesa, todos os parisienses capazes de empunhar armas alistaram-se na Guarda Nacional e estavam armados, de modo que os operários representavam dentro dela uma grande maioria. Mas o antagonismo entre o governo, formado quase exclusivamente por burgueses, e o proletariado em armas, não tardou em estalar. Em 31 de Outubro, batalhões operários tomaram por assalto o Hôtel de Ville e capturaram alguns membros do Governo. Mercê de uma traição, a uma violação descarada pelo Governo da sua palavra e à intervenção de alguns batalhões pequenoburgueses, aqueles foram postos novamente em liberdade e, para não provocar o estalido da guerra civil dentro de uma cidade sitiada por um exército estrangeiro, permitiu-se que o Governo até então acidental seguisse a atuar.
Por fim, em 28 de Janeiro de 1871, a cidade de Paris capitulou, vencida pela fome. Mas com honras sem precendentes na história das guerras. Os fortes fôram rendidos, as muralhas desarmadas, as armas das tropas de linha e da Guarda Móvel entregadas, e os seus homens considerados prisioneiros de guerra. Mas a Guarda Nacional conservou as suas armas e seus canhões e limitou-se a selar um armistício com os vencedores. E estes não se atreveram a entrar triunfalmente em Paris. Apenas ousaram ocupar um pequeno canto da cidade, o qual, aliás, compunha-se parcialmente de parques públicos, e isso, só por uns quantos dias! E durante este tempo, eles, que cercaram Paris por espaço de 131 dias, estiveram cercados pelos operários armados da capital, que velavam a guarda zelosamente para que nenhum "prussiano" trespassasse os estreitos limites do canto cedido ao conquistador estrangeiro. Tal era o respeito que os operários de Paris infundiam a um exército ante o qual renderam as armas as tropas do Império. E os junkers prussianos, que vieram a tomar vingança no lar da revolução, não tiveram mais remédio que parar respeitosamente e saudar esta mesma revolução armada!
Durante a guerra, os operários de Paris limitaram-se a exigir a enérgica continuação da luta. Mas agora, selada a paz depois da capitulação de Paris(11), Thiers, novo chefe do Governo, viu-se na obriga de perceber que a dominação das classes possuidoras - grandes terratenentes e capitalistas - estava em constante perigo enquanto os operários de Paris tivessem as armas em suas mãos. O primeiro que fez foi tentar desarmá-los. Em 18 de março enviou tropas com ordem de capturar à Guarda Nacional a artilharia que lhe pertencia, pois fora construída durante o assédio de Paris e paga por subscrição pública. A tentativa falhou; Paris mobilizou-se como um só homem para a resistência e declarou-se a guerra entre Paris e o Governo francês, instalado em Vesalles. Em 26 de março foi eleita a Comuna de Paris, e proclamada dois dias mais tarde, em 28 do mesmo mês. O Comité Central da Guarda Nacional, que até aquela altura exercera o governo, demitiu-se em favor da Comuna, depois de ter decretado a abolição da escandalosa "polícia de moralidade" de Paris. No dia 30, a Comuna aboliu a conscrição(a) e o exército permanente e declarou única força armada a Guarda Nacional, em que deviam enrolar-se todos os cidadãos capazes de empunharem as armas. Condenou os pagamentos de aluguel de habitações, desde Outubro de 1870 até Abril de 1871, abonando a futuros pagamentos de alugueres as quantidades já pagas, e suspendeu a venda de objetos empenhados no Monte de Piedade da cidade. No mesmo dia 30, foram confirmados nos seus cargos os estrangeiros eleitos para a Comuna, pois "a bandeira da Comuna é a bandeira da República mundial"(12). Em 1 de Abril, acordou-se que o soldo máximo que poderia receber um funcionário da Comuna, e portanto os mesmos membros desta, não excederia de 6.000 francos (4.800 marcos). Para o seguinte dia, a Comuna decretou a separação entre Igreja e Estado e a supressão de todas as assignações estatais para fins religiosos, bem como a transformação de todos os bens da Igreja em propriedade nacional; como conseqüência disto, em 8 de Abril ordenou-se que se eliminassem das escolas todos os símbolos religiosos, imagens, dogmas, orações, numa palavra, "todo o que pertence à orbita da consciência individual", ordem que foi aplicando-se gradativamente(13). No dia 5, em vista de que as tropas de Versalles fusilavam diariamente os combatentes da Comuna que capturavam, ditou-se um decreto ordenando a detenção de reféns, mas este nunca se pujo em prática. No dia 6, o 137 Batalhão da Guarda Nacional sacou à rua a guilhotina e queimou-na publicamente no meio da aclamação popular. Em 12, a Comuna acordou que a Comuna Triunfal da Praça Vendôme, fundida com os canhões tomados por Napoleão após a guerra de 1809, se demolisse por seu um símbolo de chauvinismo e incitação ao ódio entre nações. Isto foi cumprido em 16 de Abril, a Comuna ordenou um registo estatístico das fábricas fechadas pelos patrões e a elaboração de planos para pô-las em andamento com os operários que antes trabalhavam nelas, organizando-os em sociedades cooperativas, e que se planejasse também a agrupação de todas estas cooperativas numa grande união. Em 20, a Comuna declarou abolido o trabalho noturno dos padeiros e suprimiu também as bolsas de emprego, que durante o Segundo Império eram um monopólio de certos sujeitos designados pela polícia, exploradores de primeira fileira dos operários. Essas bolsas foram transladadas às cámaras municipais dos vinte arrondissements (distritos) de Paris. Em 30 de Abril, a Comuna ordenou o fechamento das casas de empenho, que eram uma forma de exploração privada aos operários, e estavam em contradição com o direito destes a disporem dos seus instrumentos de trabalho. Em 5 de Maio, ordenou a demolição da Capela Expiatória, que se erigira para expiar a execução de Luís XVI.
Assim, o caráter de classe do movimento de Paris, que antes se relegara a segundo plano pela luta contra os invasores estrangeiros, ocorreu desde o dia 18 de Março para a frente com traços enérgicos e claros. Como o membros da Comuna eram todos, quase sem exceção, operários ou representantes reconhecidos dos operários, as suas decisões distinguiam-se por um vincado caráter proletário. Estas, ou bem decretavam reformas que a burguesia republicana apenas tinha renunciado a implantar por covardia mas que constituíam uma base indispensável para a livre ação da classe operária, como, por exemplo, a implantação do princípio de que, no que diz respeito ao Estado, a religião é um assunto puramente privado; ou bem a Comuna promulgava decisões que iam diretamente em interesse da classe operária e em parte abriam profundas fendas na velha ordem social. No entanto, numa cidade sitiada, isto tudo apenas pudo, afinal, principiar a efetivar-se. Desde os primeiros dias de Maio, a luta contra os exércitos do Governo de Versalles, cada vez mais nutridos, absorveu as energias todas.
Em 7 de Abril, os versalleses tomaram a passagem do Sena em Neuilly, na frente ocidental de Paris; em troca, em 11 foram rechaçados com grandes perdas pelo general Eudes, na frente sul. Paris estava submetida a constantes bombardeios, dirigidos aliás pelos mesmos que estigmatizaram como um sacrilégio o bombardeio da capital pelos prussianos. Agora, estes mesmos indivíduos imploravam do Governo prussiano que acelerasse a devolução dos soldados franceses feitos prisioneiros em Sedám e em Metz, para que lhes reconquistassem Paris. Desde começos de Maio, a chegada gradual destas tropas deu uma superioridade decisiva às forças de Versalles. Isto pujo-se de manifesto quando, em 23 de Abril, Thiers rompeu as negociações, que a Comuna propôs com o objetivo de trocar o arcebispo de Paris e toda uma série de clérigos retidos em Paris como reféns, por um só homem, Blanqui, que em duas ocasiões fora eleito para a Comuna, mas que estava preso em Clairvaux. E patenteou-se mais ainda na nova linguagem de Thiers, que, de reservado e ambíguo, tornou-se de repente insolente, ameaçador e brutal. Na frente sul, os versalleses tomaram em 3 de Maio, o reduto de Moulin Saquet; em 9 tomaram posse do forte de Issy, reduzido por completo a entulho pelo canhoneio; em 14 tomaram o forte de Vanves. Na frente ocidental avançavam devagar, apossando-se de numerosas aldeias e prédios que se estendiam até o cinturão fortificado da cidade chegando, afinal, aos pontos principais da defesa; em 21, graças a uma traição e ao desleixo dos guardas ali destacados, conseguiram abrir passagem para o interior da cidade. Os prussianos, que continuavam a ocupara os fortes do Norte e do Leste, permitiram aos versalleses atravessar pela parte norte da cidade, que era terreno vedado para eles segundo os termos do armistício, e, destarte, avançar atacando sobre uma longa frente, que os parisienses julgavam amparada pelo armistício e que, por esta razão, tinham fracamente protegido. Como resultado disso, na metade ocidental de Paris, na própria cidade do luxo, só se opujo um fraca resistência, que se fazia mais forte e mais tenaz à medida que as forças atacantes se aproximavam do setor do Leste, dos bairros propriamente operários. Até depois de oito dias de luta não cairam nas alturas de Belleville e Ménilmontant os derradeiros defensores da Comuna; e daquela chegou ao seu apogeu aquela matança de homens, mulheres e crianças indefesas, que fizera estragos durante toda a semana com fúria crescente. Já os fusis de retrocarga não matavam bastante de pressa, e entrou em jogo a mitrailleuse (metralhadora) para abater por centenares os vencidos. O "Muro dos Federados"(14) do cemitério de Pére Lachaise, onde se consumou o derradeiro assassinato em massa, fica ainda em pé, testemunho mudo mas eloqüente do frenesim a que é capaz de chegar a classe dominante quando o proletariado se atreve a reclamar os seus direitos. Mais tarde, quando se viu que era impossível matar todos, vieram as detenções em massa, principiaram os fusilamentos de vítimas caprichosamente selecionadas entre as fileiras de presos e a transferência dos mais a grandes campos de concentração, para esperarem ali a vista dos Conselhos de Guerra. As tropas prussianas que tinham cercado o setor nordeste de Paris, tinham a ordem de não deixar passar nenhum fugitivo, mas os oficiais com freqüência fechavam os olhos quando os soldados prestavam mais obediência aos ditados da humanidade do que às ordens da superioridade; menção especial merece, pelo seu cãoportamento humano, o corpo de exército de Saxónia, que deixou passagem livre a muitas pessoas cuja qualidade de lutadores da Comuna saltava à vista.
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Edifícios em ruinas, Paris, 1871
Fotografia originalSe hoje, decorridos vinte anos, voltamos os olhos às atividades e à significação histórica da Comuna de Paris de 1871, advertimos a necessidade de completar um bocado a exposição que se faz em A Guerra Civil em França.
Os membros da Comuna estavam divididos numa maioria integrada por blanquistas, que predominaram também no Comité Central da Guarda Nacional, e uma minoria composta por filiados da Associação Internacional dos Trabalhadores, entre os que prevaleciam os adeptos da escola socialista de Proudhon. Naquela altura, a grande maioria dos blanquistas só eram socialistas por instinto revolucionário e proletário, só uns poucos atingiram uma maior clareza de princípios, graças a Vaillant, que conhecia o socialismo científico alemão. Assim é que se explica que a Comuna deixasse de fazer, no terreno económico, mutas coisas que, do nosso ponto de vista de hoje, teria que ter efetivado. O mais difícil de compreender é indubitavelmente o santo temor com que aqueles homens detiveram-se respeitosamente no limiar do Banco de França. Foi este, para além do mais, um erro político muito grave. O Banco de França em mãos da Comuna teria valido mais do que dez mil reféns. Teria significado a pressão de toda a burguesia francesa sobre o Governo de Versalles para que negociasse a paz com a Comuna. Mas ainda é mais espantoso o acerto de muitas coisas que se fizeram, apesar da Comuna estar composta de proudhonianos e blanquistas. Com certeza, cabe aos proudhonianos a principal responsabilidade pelos decretos económicos da Comuna, quer no que tange aos seus méritos, quer no que diz respeito aos seus defeitos; sobre os blanquistas recai a responsabilidade principal pelas medidas e omissões políticas. E, em ambos os casos, a ironia da história quiz - como acontece em geral quando o Poder de doutrinários - que tanto uns como outros fizessem o contrário do que a doutrina da sua escola respectiva prescrevia.
Proudhon, o socialista dos pequenos camponeses e mestres artesãos, odiava positivamente a associação. Dizia dela que tinha mais de mau do que de bom; que era por natureza estéril e ainda perniciosa, como uma algema posta à liberdade do operário; que era um puro dogma improdutivo e gravoso, contrário por igual à liberdade do operário e à poupança de trabalho; que os seus inconvenientes cresciam mais de pressa do que as suas vantagens; que, face a ela, a concorrência, a divisão do trabalho e a propriedade privada eram forças económicas. Apenas nos casos excepcionais - como chama Proudhon - da grande indústria e as grandes empresas como os caminhos de ferro, tinha razão de ser a associação dos operários (veja-se Idée générale de la révolution. 3o estudo)(15).
Mas por volta de 1871, mesmo em Paris, centro do artesanato artístico, a grande indústria tinha deixado já até tal ponto de ser um caso excepcional, que o decreto mais importante de quantos ditou a Comuna dispujo uma organização para a grande indústria, e inclusive para a manufatura, que não se baseava apenas na associação dos operários dentro de cada fábrica, por quanto devia também unificar estas associações todas numa grande união; em resumo, numa organização que, como Marx diz muito bem em A Guerra Civil, por força teria conduzido afinal ao comunismo, quer dizer, ao contrário direto da doutrina proudhoniana. É por isso que a Comuna deveu em tumba da escola proudhoniana do socialismo. Esta escola desapareceu hoje dos meios operários franceses; neles, atualmente, a teoria de Marx predomina sem qualquer discussão, e não menos entre os Possibilistas(16) do que entre os "marxistas". Só restam proudhonianos no campo da burguesia "radical".
Não foi melhor a sorte que correram os blanquistas. Educados na escola da conspiração e mantidos em coesão pela rígida disciplina que esta escola supõe, os blanquistas partiam da idéia de que um grupo relativamente pequeno de homens decididos e bem organizados estaria em condições, não só de tomar posse num momento favorável do leme do Estado, mas que, despregando uma ação enérgica e incansável, poderia manter-se até arrastar à revolução as massas do povo e congregá-las à volta do pequeno grupo dirigente. Isto supunha, sobretudo, a mais rígida e ditatorial centralização de todos os poderes em mãos do novo governo revolucionário. E o quê é que a Comuna fez, composta na sua maioria precisamente por blanquistas? Em todos os proclames dirigidos aos franceses das províncias, a Comuna convidou-nos a formarem uma federação livre de todas as comunas de França com Paris, uma organização nacional que, pela primeira vez, ia ser criada realmente pela nação mesma. Precisamente, o poder opressor do antigo governo centralizado - o exército, a polícia política e a burocracia - criado por Napoleão em 1798 e que desde aquela altura fora herdado por todos os novos governos como instrumento grato e utilizado por eles contra os seus inimigos, era precisamente este o poder que devia ser derrubado em toda França, como fora derrubado já em Paris.
A Comuna teve que reconhecer desde o primeiro momento que a classe operária, ao chegar ao Poder, não pode continuar a governar com a velha máquina do Estado; que, para não perder de novo a sua dominação recém conquistada, a classe operária tem, de uma parte, que varrer toda a velha máquina repressiva utilizada até então contra ela, e, de outra parte, precaver-se contra os seus próprios deputados e funcionários, declarando-os a todos, sem exceção, revogáveis a todo momento. Quais foram as características do Estado até essa altura? De partida, por meio da simples divisão do trabalho, a sociedade criou os órgãos especiais destinados a velar pelos seus interesses comuns. Mas, a longo prazo, estes órgãos, a cuja cabeça estava o Poder estatal perseguindo os seus próprios interesses específicos, converteram-se de servidores da sociedade em senhores dela. Isto pode ver-se, por exemplo, não apenas nas monarquias hereditárias, mas também nas repúblicas democráticas. Não há país nenhum em que os "políticos" formem um setor mais poderoso e mais afastado da nação do que nos EUA Aqui cada um dos dois grandes partidos que se alternam no Poder está por sua vez governado por pessoas que fazem da política um negócio, que especulam com os escândalos das assembléias legislativas da União e dos distintos Estados Federados, ou que vivem da agitação em favor do seu partido e são retribuídos com cargos quando este triunfa. é sabido que os estado-unidenses levam trinta anos a se esforçarem por sacudir este jugo, que chegou a se insuportável, e que, apesar de tudo, afundem cada vez mais neste pántano de corrupção. E é precisamente nos EUA onde podemos ver melhor como progride esta independização do Estado face à sociedade, da que originariamente estava destinado a ser um simples instrumento. Lá não há dinastia, nem nobreza, nem exército permanente - fora a presa de homens que montam a guarda contra os índios-, nem burocracia com cargos permanentes e direito a reforma. E, porém, nos EUA achamos duas grandes quadrilhas de políticos especuladores que alternativamente tomam posse do Poder estatal e o exploram pelos meios mais corruptos e para os fins mais corruptos; e a nação é impotente face a estes dois grandes consórcios de políticos, pretendidos servidores seus, mas que, na verdade, a dominam e saqueiam.
Contra esta transformação, inevitável em todos os Estados anteriores, o aparelho estatal e os seus órgãos, de servidores da sociedade em seus amos, a Comuna empregou dois remédios infalíveis. Em primeiro lugar, cobriu todos os cargos administrativos, judiciários e educacionais por eleição, mediante sufrágio universal, concedendo aos eleitores o direito de revogar a todo momento os seus eleitos. Em segundo lugar, pagava a todos os funcionários, altos, baixos, o mesmo salário que aos restantes trabalhadores. O soldo máximo atribuído pela Comuna era de 6.000 francos. Com este sistema punha-se uma barreira eficaz ao carreirismo e à caça de cargos e isto sem contar com os mandatos imperativos que, por acrêscimo, introduziu a Comuna para os deputados a corpos representativos.
Este labor de destruição do velho Poder estatal e da sua substituição por outro novo e verdadeiramente democrático é descrita com todo o detalhe no capítulo terceiro de A Guerra Civil. No entanto, era necessário demorar a examinarmos cá brevemente alguns dos traços desta substituição por ser precisamente na Alemanha onde a fé supersticiosa no Estado se tem transladado do campo filosófico à consciência geral da burguesia e inclusivamente à de muitos operários. Segundo a concepção filosófica, o Estado é a "realização da idéia", ou essa, traduzido à linguagem filosófica, o reino de Deus na terra, o campo em que se faz ou devem fazer-se realidade a verdade e a justiça eternas. Daqui nasce uma veneração que vai enraizando mais facilmente na medida em que a gente se acostuma desde a infáncia a pensar que os assuntos e interesses comuns a toda a sociedade não podem ser olhados de jeito distinto ao que foram olhados até aqui, quer dizer, através do Estado e dos seus bem retribuídos funcionários. E a gente julga ter dado um passo enormemente audaz com livrar-se da fé na monarquia hereditária e jurar pela República democrática. Na realidade, o Estado não é mais do que uma máquina para a opressão de uma classe por outra, o mesmo na República democrática que sob a monarquia; e no melhor dos casos, um mal que o proletariado herda depois do seu triunfo na sua luta pela dominação de classe. O proletariado vitorioso, tal como fez a Comuna, não poderá por menos de amputar imediatamente as piores faces deste mal, até que uma geração futura, educada em condições sociais novas e livres, poda desfazer-se de todo este traste velho que é o Estado.
Ultimamente as palavras "ditadura do proletariado" têem tornado a sumir em santo terror o filisteu socialdemocrata. Pois bem, cavalheiros, quereis saber que face apresenta esta ditadura? Olhai a Comuna de Paris: eis a ditadura do proletariado...
Friedrich Engels
Londres, 18 de Março de 1891, no vigésimo aniversário da Comuna de Paris.
NOTAS
1 - Engels escreveu esta introdução para a terceira edição alemá (edição de jubileu) de A Guerra Civil em França de Marx, publicada em 1891 pela Editora Vorwärts, de Berlim, comemorativa do XX aniversário da Comuna de Paris. Ao tempo que frisou o significado histórico quer das experiências da Comuna de Paris, quer das generalizações teóricas que Marx tirou delas em A Guerra Civil em França. Engels também fez um número de acréscimos relativamente à introdução à história da Comuna, incluindo referências às atividades dos blanquistas e proudhonianos. Na edição de jubileu, Engels incluiu duas obras escritas por Marx no primeiro e segundo Manifestos do Conselho Geral da Associação Internacional de Trabalhadores sobre a Guerra Franco-Prussiana. As edições posteriores de A Guerra Civil em França, publicadas em distintas línguas, geralmente contêm a Introdução de Engels. [ Voltar ]
2 - Veja-se Karl Marx e Friedrich Engels, Obras Escolhidas, Vol. I. [ Voltar ]
3 - Referência às guerras de libertação nacional travadas pelo povo alemão de 1813 a 1814 contra a dominação de Napoleão. [ Voltar ]
4 - No fim das guerras contra a França de Napoleão, círculos reacionários da Alemanha utilizáram o termo demagogos para qualificar essa gente que participava do movimento contra o sistema reacionário dos estados alemães e que organizárom uma manifestação política para exigirem a unificação da Alemanha. O movimento estendeu-se largamente entre os intelectuais e estudantes, nomeadamente entre as sociedades de ginásticas estudantis. Os "demagogos" fôrom perseguidos pelas autoridades reacionárias. [ Voltar ]
5 - Veja-se Karl Marx, Segundo Manifesto do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores sobre a Guerra Franco-Prussiana. [ Voltar ]
6 - Os monarquistas na França estavam divididos em três partidos dinásticos; os legitimistas, aditos à dinastia "legítima" dos Borbons; os orleanistas, partidários da dinastia de Orleans; e os bonapartistas, seguidores de Luis Bonaparte (Napoleão III). [ Voltar ]
7 - Coup d'Etat (Golpe de Estado) de Luís Bonaparte, Presidente de França na altura, quem dissolveu a Assembléia Nacional, e um ano depois proclamou-se Imperador de França. [ Voltar ]
8 - O Segundo Império de França foi o nome dado ao período de governo de Luís Bonaparte (1852-70), para distinguí-lo do Primeiro Império de Napoleão I (1804-14) [ Voltar ]
9 - Prússia saiu vitoriosa da guerra contra Austria, guerra que foi provocada por Bismarck. Excluindo Austria da Confederação Germánica, Prússia assegurou para si a hegemonia com a fundação do Imipério Alemão. Napoleão III ficou neutral na Guerra Austro-prussiana e, em troca da sua neutralidade, ele esperou em vão receber parte do território dos estados alemães, como lhe prometera Bismarck. [ Voltar ]
10 - Em 1 e 2 de Setembro de 1870, livrou-se uma batalha decisiva da Guerra Franco-prussiana nos arredores de Sedan, cidade do Nordeste de França; ela terminou com uma derrota completa do exército francês. Segundo os termos da capitulação assinados pelo Quartel Geral francês em 2 de Setembro de 1870, Napoleão III e mais de 80.000 soldados, oficiais e generais franceses fôrom feitos prisioneiros de guerra. De 5 de Setembro de 1870 a 19 de Março de 1871, Napoleão III ficou encarcerado em Wilhelmshöhe, um castelo da Prússia perto de Kassel. A derrota em Sedám acelerou a queda do Segundo Império. Como conseqüência disso, França foi proclamada República em 4 de Setembro de 1870. [ Voltar ]
11 - Faz referência ao Tratado Franco-Alemão preliminar de paz assinado em Versalles em 26 de Fevereiro de 1871 por A. Thiers e J. Favre, de uma parte, e Bismarck de outro. Em virtude dos termos do Tratado, França concordava em ceder a Alsácia e a parte oriental da Lorena à Alemanha e a pagar uma indenização de guerra de cinco bilhões de francos, enquanto a Alemanha continuava a ocupar parte do território francês até que se pagasse a indenização. O Tratado final de paz foi assinado em Frankfurt-am-Main em 10 de Maio de 1871. [ Voltar ]
12 - Citação tirada do relatório da comissão eleitoral da Comuna, publicado no órgão da Comuna, Journal Officiel de la République Française, No f 90, 31 de Março de 1871. [ Voltar ]
13 - Engels refere-se provavelmente ao conteúdo da ordem emitida por Edouard Vaillant, delegado de educação da Comuna de Paris, que foi publicada no Journal Officiel de la République Française, No 132, 12 de Maio de 1871. [ Voltar ]
14 - Atualmente conhecido como "O Muro dos Communards". [ Voltar ]
15 - Referência à obra de Proudhon, Idée Générale de la Révolution au XIXe siècle, Paris, 1851. Uma crítica dos pontos de vista exprimidos por Proudhon neste livro acha-se na carta de Marx a Engels de data 8 de Agosto de 1851 e na obra de Engels, Crítica Analítica da 'Idée Générale de la Révolution au XIXe Siècle (Arquivos de Marx e Engels, Vol.X). [ Voltar ]
16 - Os possibilistas representavam a tendência oportunista no movimento trabalhista francês en fins do século XIX. [ Voltar ]
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Ruínas parisienses após canhoneio, 1871
Fotografia original
'Introducción' de Friedrich Engels, en español 
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