Agosto de 2002 - Número 6 - Comemorativo da Batalha de Stalingrado de 1942/43
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EDITORIAL
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Editoria
A Batalha Decisiva da II Grande Guerra
Neste ano comemora-se os 60 anos da Batalha de Stalingrado, que mudou os rumos da II Guerra Mundial e iniciou a derrota do Nazismo. Em 1941, a Alemanha reuniu na invasão à URSS a mais poderosa força militar de toda a história humana. Somente no ataque a Stalingrado, grande cidade russa às margens do rio Volga, os nazistas reuniram milhões de soldados para tomar a região. Contavam também com a recusa dos governos norte-americano e inglês de abrir uma segunda frente de guerra contra os nazistas na Europa: não precisariam defender a retaguarda ocidental. As razões da invasão eram evidentes: antes da guerra, a região compreendia 45% de toda a população russa, um terço das indústrias, dois dos maiores rios do continente, o Don e o Volga, o petróleo do Cáucaso e quase a metade das terras férteis. Stalingrado resistiu e, apesar do massacre à população civil, impôs a maior derrota à Alemanha desde Napoleão em 1808. Se não fossem o Exército Vermelho e o povo soviético, o mundo seria desgraçadamente diferente. Disse o historiador inglês W. Shirer, um dos maiores especialistas mundiais em II Grande Guerra, presente no Tribunal de Nuremberg: "Se não fosse o Exército Soviético estaríamos todos falando alemão". 85% das baixas dos nazi-facistas durante toda a II Guerra deram-se no front soviético e foi o povo soviético e seu exército que resistiram e aniquilaram a maior ameaça à humanidade até então reunida. Muitos historiadores "explicam" a derrota nazista "culpando" o rigoroso inverno russo. Essa falsificação tornou-se comum e é repetida à exaustão. Façamos o seguinte cálculo: "a 2ª Guerra durou 7 anos, portanto 28 estações, das quais 23 estações temperadas ou quentes e apenas 5 invernos, além disso a Alemanha é tão fria quanto a Rússia".
Na madrugada de 21 de agosto de 1942, o 6º Exército alemão, sob comando do aristocrático Marechal von Paulus, um dos estrategistas favoritos de Hitler, cruza o rio Don e inicia o ataque. Outra coluna mecanizada, comandada pelo General Wietersheim, alcança o Volga na tarde do dia 23, ao norte de Stalingrado. No mesmo dia, a força aérea nazista, a Luftwaffe, realiza um pesado bombardeio contra a cidade, matando 40 mil civis. Em 2 de setembro, o 4º Exército de tanques Panzer avança do sul. Stalingrado está totalmente cercada por terra. No dia 12, o General soviético V. Chuikov assume a defesa com o 62º Exército na primeira linha de fogo. Ajuda-o parte do 64º Exército do General M. Shumílov. Os alemães avançam para a colina Mamai e a Central da Estrada de Ferro. A luta invade a cidade em ferozes combates de rua que duraram dois meses. Uma idéia do nível da resistência à ocupação: uma única casa em escombros é defendida por um grupo civil liderado pelo sargento Y. Pávlov durante 58 dias. Os alemães apoderam-se do sul de Stalingrado. von Paulus desloca-se para os bairros industriais, ao norte. De 27 de setembro a 8 de outubro, suas tropas ocupam o monte Orlovka. Em 14 de outubro, os alemães lançam seu maior ataque, com 3 divisões de infantaria e tanques. À noite, após pesadas baixas, ocupam as fábricas. Após 30 de outubro, os invasores não conseguem manter a ofensiva, devido à resistência soviética. No início de novembro recomeçam o ataque, após ordens de Hitler. Este segundo esforço também fracassa. Os soviéticos lançam-se ao contra-ataque.
A Contra-Ofensiva Soviética 19 a 23 de novembro de 1942
As tropas soviéticas do Don e do Volga iniciam a contra-ofensiva na madrugada de 19 de novembro, usando mais de um milhão de soldados e milhares de tanques e aviões. Ao norte, os exércitos soviéticos da Frente do Don, sob comando do General K. Rokossovsk rompem o 3º Exército fascista romeno e chegam à retaguarda alemã. No dia 20, três exércitos liderados pelo General A. Eriómenko abrem passagem pelo sul através dos Exércitos romeno e Panzer ao encontro das tropas da Frente. No dia seguinte, tanques soviéticos apoderam-se das pontes do rio Don e fecham a última via de fuga. Quatro dias após iniciar a contra-ofensiva, as tropas conjuntas soviéticas cercam os Exércitos alemães, com mais de 300 mil soldados e oficiais nazistas. Hitler receia, mas Goering assegura que a Luftwaffe abastecerá as tropas por via aérea. Organiza-se um novo ataque para socorrê-las, sob ordens do Marechal von Manstein. O socorro é contido pelos soviéticos numa ofensiva contra o 8º Exército fascista italiano, em Kotélnikovo.
A Vitória Soviética 10 de janeiro a 2 de fevereiro de 1943
Encurralados, os nazistas recebem ordem de combater "até o fim". Em 8 de janeiro, os alemães são intimados à rendição, porém Hitler a proíbe. No dia seguinte, os soviéticos lançam-se ao ataque com 5 mil canhões e lança-foguetes. Os nazistas não podem conter a investida, perdendo todos os aeroportos e vias terrestres. Apesar das ordens de Hitler, é impossível resistir. No dia 2 de fevereiro os soviéticos alcançam a vitória. Centenas de milhares de soldados de elite nazistas são aprisionados, alemães, italianos, romenos, turcos e de outros países nazi-facistas, tendo à frente 24 Generais e o Marechal von Paulus. Morreram 1,5 milhões de soldados nazistas. Após a derrota, a Alemanha não pode mais manter o esforço de guerra, sua derrota final é uma questão de tempo.
Néliton Azevedo Retirado do Jornal "Oficina de Idéias", 2002, Inhapim, Minas Gerais, Brasil www.oficinadeideias.cjb.net.
Carta a Stalingrado
Carlos Drummond de Andrade
Stalingrado...
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem
enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.
Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrirmos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face de teu pavoroso poder,
mesquinhas no teu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.
Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De uma apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando, nem trabalho nas fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol, ó minha louca Stalingrado!
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate,
e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que amarão e se defenderão contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a tua Ordem.
Poema retirado do livro "A Rosa do Povo", 1945, Ed. José Olympio.
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Ampliamos o número de textos apresentados nas Obras Clássicas do Pensamento Marxista Mundial, uma seleção de textos clássicos de Marx, Engels, Lênin, Hegel etc., nos Clássicos do Pensamento Universal, obras que influíram decisivamente no curso da História ou no desenvolvimento do Marxismo, e nos Documentos da História dos Movimentos Progressistas, Documentos relevantes para o entendimento dos fluxos históricos contemporâneos. Não existem vínculos ideológicos absolutos com a Revista Práxis na Internet. De forma permanente, as três Coleções são constantemente ampliadas e atualizadas.
Leia na Revista Práxis na Internet vários textos fundamentais sobre a Comuna. Obras de Karl Marx, Engels e Lenin, entre outros.
Como parte de nossa Homenagem à Comuna de Paris apresentamos imagens autênticas da Comuna de Paris, fotografias originais de 1871, raras e exclusivas.
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Integrando nossa Homenagem à Revolução Russa de 1917 apresentamos várias fotografias raras.
Saiu do Prelo o livro Gramsci e o Brasil, Recepção e Difusão de suas Idéias, de Lincoln Secco, Cortez Editora.
Foi impresso o livro Política, Partido, Representação e Sufrágio, A Polêmica entre Alain Badiou e Ronald Rocha, Ed. ProJetO.
Está lançado o livro Um Olhar que Persiste, Ensaios Críticos sobre o Capitalismo e o Socialismo, organizado por Lincoln Secco e Carlos Santiago, Ed. Anita Ltda.
Adquira os livros, preparados pelo Coletivo de Autores do Centro de Estudos Marxistas do Rio Grande do Sul, em edição conjunta com a Editora da Universidade de Passo Fundo em co-edição com a EdiUFRGS:
Luz e Sombras: Ensaios de Interpretação Marxista
Os Trabalhos e os Dias: Ensaios de Interpretação Marxista
Fios de Ariadne: Ensaios de Interpretação Marxista
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Foi lançado o livro A Revolução Chinesa, até onde vai a Força do Dragão?, de José Mao Jr. e Lincoln Secco, Ed. Scipione.
Está sendo relançado o livro Democracia Divina e Democracia Profana, Ed. ProJetO, de Ronald Rocha, sociólogo e membro do Coletivo de Sócios da Revista Práxis.
Saiu do prelo o livro Los Límites del Desarrollo Sustentable, Ed. Banda Oriental, em espanhol, do Prof. Dr. Guillermo Foladori, antropólogo uruguaio e membro do Coletivo de Sócios da Revista Práxis.
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Já está disponível o livro de poesias de Joana D'Arc Gouvêa, Algaravia, pela Editora ProJetO.
Está em seu 5º ano o Jornal Oficina de Idéias, jornal cultural mensal produzido na região do Vale do Aço, no Estado de Minas Gerais, com distribuição nacional. Visite-o em www.oficinadeideias.cjb.net.
O livro "O Que se Deve Ler Para Conhecer o Brasil", de Nelson Werneck Sodré, é um indicador seguro de boas fontes para se entender o Brasil e seu povo.
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O Hino Internacional dos Trabalhadores em Luta.
Ouça a Música 'A Internacional' composta por Pierre Chrétien Degeyter em 1871, durante a Comuna de Paris. Em 1942, durante as madrugadas, na Stalingrado sitiada mas resistente, podia-se ouvir os assobios de sua melodia.
'A Internacional'
Cordas, Sopro e Acompanhamento
A Internacional
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Número 6, Comemorativo da Batalha de Stalingrado de 1942/43
24 de agosto de 1899: Nascimento do escritor argentino Jorge Luis Borges 20 de agosto de 1904: 6º Congresso da II Internacional, em Amsterdã, Holanda 1º de agosto de 1965: Guerra de Vietnam: Os Vietcongs cercam a base norte-americana de Da Nang